STCP e empresa de segurança ainda não contactaram Nicol Quinayas
A jovem que se queixou de ter sido agredida por um funcionário da 2045 ainda não foi contactada pela STCP ou pela empresa de segurança. Nesta quinta-feira marcou presença num protesto contra o racismo em frente à sede da STCP, no Porto.
“Mexeu com uma, mexeu com todas” foram as palavras de ordem que se ouviram nesta quinta-feira em frente à sede da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP). Homens e mulheres, cerca de 50, ergueram cartazes e gritaram pelo mesmo: fim ao racismo e justiça para Nicol Quinayas, a jovem que alega ter sido agredida por um segurança da empresa 2045, ao serviço da STCP, na madrugada do São João.
Na fila da frente, um grupo de mulheres segurava uma faixa do Festival Feminista do Porto, uma das organizações envolvidas na mobilização do protesto. Uma delas, a própria Nicol. Falou aos jornalistas e explicou que, legalmente, o impasse se mantém. Apesar de quer a STCP, quer a 2045, terem anunciado em comunicado a abertura de investigações internas, a jovem assegurou não ter sido chamada para esclarecimentos: “A STCP e a 2045 estão a fazer investigações mas nenhuma dessas empresas entrou em contacto comigo para me interrogar.”
Segundo o Expresso o vínculo da STCP com a empresa 2045 está a chegar ao fim e não deverá ser renovado. Contactada a empresa de segurança 2045 ao fim do dia, o funcionário que atendeu fez saber que já não estava disponível qualquer responsável para prestar declarações.
Entretanto, Nicol Quinayas, com nacionalidade colombiana mas a viver em Portugal desde os cinco anos, confessou não estar preparada para voltar a entrar num autocarro. “Na altura, eu esperava que, pelo menos o motorista ou outro funcionário da STCP fizessem alguma coisa, mas ninguém fez."
Angela Morales, mãe da jovem, também esteve presente na manifestação e relatou que este não foi o primeiro episódio que a filha sofreu. Há dois anos, Nicol Quinayas foi insultada por um vizinho, o que as forçou a mudar de casa “por medo”. “Desta vez não vou ter medo, ninguém me vai calar”, afirmou.
Na manifestação, alguns cartazes foram escritos na hora: “Tantos seguranças, para tão pouca segurança”, foram as palavras que surgiram no pedaço de cartão que Filipe Gouveia, jovem de 22 anos, ergueu. É homem e é português branco. Mas diz que "as lutas cruzam-se". "Temos de nos apoiar mutuamente. Eu não sou vítima de racismo, mas reconheço que existe e acontece frequentemente."
Luísa Barateiro, do Festival Feminista do Porto, saudou “a posição do executivo municipal”, que em reunião votou por unanimidade a moção apresentada pelo PS, que condenava “a covarde agressão de que foi vítima a jovem Nicol Quinayas”. Luísa Barateiro condenou ainda o “racismo, machismo e misoginia” que acredita existir no país.
Está marcado outro protesto para o dia 10 de Julho, em frente à empresa 2045.
Texto editado por Andreia Sanches