Durante três horas, a Casa Fez deixou de ter um dono e passou a ter 150

Paulo Pimenta
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Em vez de celebrar o aniversário em casa, Cláudia Barros optou por festejar na casa de Álvaro Leite Siza. Como? Foi uma das 150 pessoas que correu o suficiente para conseguir os bilhetes que a Casa da Música ofereceu no âmbito do programa A Minha Casa é a Tua Casa e por isso, esta quinta-feira, 12 de Julho, visitou a Casa Fez, no Porto. Cláudia celebra 48 anos e prometeu fazer uma festa de aniversário apenas quando celebrasse 50. Até lá, procura planos fora do comum. “Gosto de fazer algo diferente nos meus anos. Vi esta iniciativa e tratei de arranjar bilhetes, sem ter ideia do que ia acontecer”, conta ao P3.

Mas nem todos os que visitaram a Casa Fez celebravam algum acontecimento. “Curiosidade” foi o que levou Fátima Mota e Clotilde Basto, 66 e 67 anos, a visitar uma casa que também não conheciam. Desenhada pelo proprietário, a casa-atelier conta com um desenho geométrico mas simultaneamente abstracto, praticamente sem janelas e onde predominam os espaços brancos, decorados com madeira.

A casa, só por si, já conseguiria muitos suspiros, mas as performances exibidas ao longo da visita arrancaram aplausos e palavras de entusiasmo. Num primeiro momento, os convidados foram presenteados com uma criação frenética da bailarina Rosana Ribeiro, apresentado num espaço repleto de desenhos abstractos de corpos femininos, assinados por Álvaro Leite Siza. Depois da dança, os visitantes foram convidados a entrar numa piscina onde não se podia nadar porque, em vez de água, tinha pessoas. Lá dentro, o poeta José Anjos fez uma declamação performática dos Cinco poemas para uma piscina vazia, que deixou o público entusiasmado para descobrir o que viria a seguir.

Manuel Pinho e João Marcos Moreira, ambos com 24 anos, acompanham o trabalho do arquitecto. “Já vimos uma exposição do Álvaro Leite Siza e ainda na semana passada vi um documentário sobre ele”, conta João, que, na altura, não sabia que uma semana depois iria estar na sua casa. Manuel continua: “Não conhecíamos a casa, mas pela descrição tinha tudo para dar certo.” Os jovens quiseram “entrar na intimidade” de Álvaro Leite Siza e conhecer o que, à partida, “é o expoente máximo da obra do arquitecto, a sua casa”.

Foi no exterior da Casa Fez que os convidados começaram a tirar os sapatos e a estender a toalha que lhes foi dada à entrada. A piscina (com água) e o jardim — que teria espaço suficiente para que as 150 pessoas estendessem toalhas e se deitassem —, aliados à música e aos brindes, tornaram o clima festivo e a Casa começou a assemelhar-se ao recinto de um festival de Verão.

Quando o concerto do duo Paisiel — um baterista e um percussionista — começou, as crianças pararam de correr para se deitar de barriga para cima a olhar o céu, os apaixonados abraçaram-se e os amigos partilharam a toalha. Foi aí que a casa de Álvaro Leite Siza deixou de ser sua, para ser da Cláudia, da Fátima, da Clotilde, do Manuel, do João e de mais 145 pessoas.

Ainda a propósito da iniciativa A Minha Casa é a Tua Casa, a Casa da Música abre as portas, esta sexta-feira, 13 de Julho, a 20 pessoas que vão poder assistir a concertos, fazer uma visita guiada e pernoitar no edifício. No domingo, 14, pelas 22h, dez pessoas vão aceder aos bastidores e áreas técnicas e acompanhar em primeira mão o concerto da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música.

Paulo Pimenta
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