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Na Mongólia, os monges budistas são millennials
O budismo é uma das religões mais antigas do mundo mas, na Mongólia, está na mão de jovens. Depois de o regime soviético ter eliminado cerca de 17 mil monges budistas, os millennials são a primeira geração a atingir a maioridade e, por isso, os únicos capazes de gerir os mosteiros do país.
Thomas Peter, fotógrafo da Reuters, captou imagens do quotidiano dos monges de Amarbayasgalant, um mosteiro budista da Mongólia. A galeria mostra imagens dos jovens monges a estudar, a orar nos quartos ou em recitais e, não tão frequentemente, a brincar. Ainda assim, os rostos parecem de satisfação.
O mosteiro situa-se no meio de campos — a estrada mais próxima fica a 35 quilómetros — e abrigava cerca de 800 monges na era soviética. Actualmente, é casa para cerca de 40, num universo onde o monge mais velho tem 35 anos.
Lobsang Rabten é monge sénior e tutor de dois jovens budistas, em Amarbayasgalant. Tem 29 anos e concluiu os estudos há quatro. Em situação normal, só poderia alcançar este posto 20 anos após finalizar os estudos. “Sinto que ainda não adquiri conhecimento suficiente. É correcto que outros me chamem ‘professor’ quando eu próprio ainda estou a aprender?”, disse à Reuters.
Tendo em conta a rotina, esta parece uma escolha de carreira quase inimaginável no século XXI. E a verdade é que, normalmente, quem decide são os pais das crianças. Badamkhand Dambii, mãe de Temuulen, explicou à Reuters que o jovem levou algum tempo a aceitar a nova vida: “Ele não gostava da ideia porque tinha medo das pinturas e dos altares divinos. Dizia que eram assustadores.”
Se levar as crianças para o mosteiro é difícil, mantê-las lá é bastante mais desafiante. Os monges podem visitar o mundo exterior apenas duas vezes por ano, durante duas semanas. O mosteiro tem acesso à Internet, mas o uso de telemóveis está restrito aos maiores de 25 anos. “Hoje em dia é muito raro encontrar monges que se mantenham fiéis aos seus votos”, disse Lobsang Tayang, citado no mesmo texto.
Além da herança imaterial, os jovens monges trabalham para preservar a material, como os mosteiros degradados, que datam do século XVIII e são considerados Património Mundial pela UNESCO. Actualmente, apenas 28 — dos mais de 40 que existiam — persistem.
Lobsang Rabten espera que os problemas se resolvam e que o mosteiro volte a ter a glória de outrora. “É fácil derrubar uma floresta, certo? Mas demora muito tempo para que novas árvores cresçam de novo”, afirma. Para já, o peso de assegurar o rejuvenescimento de Amarbayasgalant e do budismo na Mongólia recai sobre os ombros dos jovens monges.