Os arquitectos põem um tijolo sobre outro na Garagem Sul

Uma exposição sobre o processo construtivo junta os ateliers Bak Gordon, Maio e Vylder Vinck Taillieu no CCB, em Lisboa.

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Uma paisagem imaginária construída com partes da arquitectura dos ateliers Vylder Vinck Taillieu, Maio e Bak Gordon CCB

Já conhecemos o Leão de Ouro de 2018, atribuído pela Bienal de Arquitectura de Veneza, e com a próxima exposição do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, que abre ao público a 11 de Julho, podemos ficar a conhecer o Leão de Prata entregue aos mais relevantes jovens participantes. Por pura coincidência, os belgas Vylder Vinck Taillieu são um dos três ateliers escolhidos para participar em Histórias Construídas, que junta ainda o português Bak Gordon e o espanhol Maio. Composto por Jan de Vylder, Inge Vinck e Jo Taillieu, o atelier levou a Itália o projecto Caritas, uma intervenção num velho hospital psiquiátrico, em Melle, onde cada serviço tinha o seu edifício, formando um campo unido pela mesma linguagem. Depois de várias demolições no campo, ao atelier foi pedido que resolvesse a descaracterização do conjunto arquitectónico marcado pela construção em tijolo. O que se faz com um edifício meio demolido? – foi a pergunta de que partiu o projecto belga.

É com outra pergunta – “O que é que os arquitectos realmente fazem? – que André Tavares, responsável pela programação de arquitectura no Centro Cultural de Belém (CCB), explica ao Ípsilon a nova exposição da Garagem Sul, que traz de regresso o atelier Maio (o ciclo de conferências há um ano na Garagem Sul foi inaugurado por Anna Puigjanner, um dos nomes do atelier de Barcelona). “O que os arquitectos fazem é pôr um tijolo sobre outro tijolo e, com essa construção, transformar a sociedade”, continua Tavares, acrescentando que o objectivo é que se possa entender a arquitectura na sua complexa globalidade. “Na Garagem Sul, mais do que fazer exposições monográficas ou vozes singulares escolhemos nomes contemporâneos que estabeleçam conversas a várias vozes sobre o que é a arquitectura, como se faz e para o que serve.” Ao misturar ateliers nacionais e estrangeiros, o CCB propõe fazer da Garagem Sul um espaço de encontros entre várias arquitecturas e arquitectos: “O objectivo é fazer de Lisboa um espaço onde circulem outras vozes e pôr as vozes cá da terra a circular noutros sítios, principalmente na Europa.”

Com curadoria de Amélia Brandão Costa e Rodrigo da Costa Lima, a exposição - explica-nos o segundo - cria uma paisagem imaginária a partir de elementos da arquitectura dos três ateliers. “Mas esses elementos construtivos acabam por ser comuns a todos os ateliers de arquitectura, como as cofragens para pilares do atelier Maio ou as vigas de ferro dos Vylder Vinck Taillieu. Em toda a exposição nunca é apresentado o resultado final, porque ela está concentrada no processo construtivo.” De Ricardo Bak Gordon, vamos ver uma casa que está em construção no Alentejo, erguida em tijolo na Garagem Sul à escala real. Antes de chegarmos à forma, vamos encontrar o próprio material, com montes de cimento, de areia ou de pedra, comum vermos nos estaleiros, a representarem também os belgas, que gostam de dizer que fazem uma arquitectura sem truques, ou seja, produzem “a arquitectura como ela é”. 

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