Exposição
Frida Kahlo olha-nos de frente, agora no Porto
A partir desta sexta-feira, 6 de Julho, as paredes do Centro Português de Fotografia, no Porto, vestem-se de Frida Kahlo. Não com coroas de flores ou vestidos coloridos, mas com fotografias do acervo pessoal da pintora mexicana, guardadas pela própria durante a vida. Origens, A Casa Azul, Política, Corpo Acidentado, Amores e Fotografia são os temas em que se divide a exposição, intitulada de Frida Kahlo — as suas fotografias, que conta com 241 imagens distribuídas por três salas.
A exposição propõe ao visitante um passeio pela intimidade da artista: fotografias de Frida ainda em criança e da sua família permitem entrar no seio familiar da pintora e conhecer os seus pais, avós e tios. Algumas imagens são acompanhadas de mensagens escritas pela artista, que ajudam a identificar as pessoas fotografadas. São desvendados outros pormenores, por exemplo, a forma como o pai, fotógrafo, influenciou o seu percurso artístico. Em que medida? "Não só pela importância que a fotografia adquire na vida de Frida, mas também como se manifesta no seu trabalho. Os auto-retratos que pinta fazem lembrar uma fotografia, ela olha-nos de frente", responde Rui Pereira, director da Terra Esplêndida, que acompanhou o P3 numa visita à montagem da exposição.
Para já, as molduras estão no chão, pousadas abaixo do local que estão prestes a ocupar. Os cálculos já estão feitos, dentro de pouco tempo vão ser penduradas de acordo com os planos desenhados. Ainda que seja preciso baixar o olhar para as ver, é possível encontrar pormenores e descobrir, em cada fotografia, uma história. Percebe-se, por exemplo, que nas mãos de Frida as fotografias funcionavam como um instrumento de trabalho, não eram imaculadas. A artista, descreve Rui Pereira, recortava partes de fotografias para as transformar em pinturas ou, simplesmente, para retirar da imagem pessoas de quem não gostava. Assim se encontram nas molduras imagens que mostram pessoas sem cara ou totalmente recortadas. Mas a artista também imprimia sentimentos positivos nas suas imagens, como se vê pela marca de um beijo numa foto do seu marido, Diego Rivera.
Visitar as três salas permite entrar em contacto com momentos determinantes da vida da artista. Desde o acidente que a incapacitou à recuperação, passando por imagens de homens e mulheres com quem mantinha relações extraconjugais, as fotografias mostram como Frida se comportava, relacionava e via o mundo. A exposição já passou por Lisboa, em 2012, e recebeu cerca de 17 mil visitantes, mas Rui Pereira espera “bater os números” da capital. “Sempre quisemos trazer a exposição ao Porto e agora é o momento”, afirma. A inauguração, às 10h, vai contar com a presença de Hilda Trujillo Soto, directora do Museu Frida Kahlo, que também vai estar na Reitoria da Universidade do Porto, no dia 7 de Junho às 16h, para falar sobre a instituição cultural e as fotografias da pintora mexicana.
Frida Kahlo - as suas fotografias poderá ser visitada até 4 de Novembro. Além das imagens, estará também em exibição um documentário sobre a vida da artista. O preço do bilhete é de oito euros para o público geral e de seis euros para estudantes, mas há preços especiais para crianças, famílias e grupos, que podem ser consultados aqui. Parte da receita angariada reverte a favor da Associação Salvador, que promove a integração de pessoas com deficiência motora.