Dongfeng vence a Volvo Ocean Race mais disputada de sempre

Com uma táctica perfeita, o barco liderado pelo francês Charles Caudrelier garantiu o triunfo após ganhar a derradeira regata da prova.

Foto
LUSA/Eric Brinkhorst

Quando os sete veleiros VO65 zarparam de Gotemburgo na passada quinta-feira, já se sabia que as 700 milhas náuticas da última regata da Volvo Ocean Race (VOR) 2017-18 ditariam um desfecho inédito na história da prova. Pela primeira vez, três equipas discutiam a vitória na derradeira ligação. Virtualmente empatados, Team Brunel, MAPFRE e Dongfeng sabiam que quem chegasse primeiro ao porto de Haia, na Holanda, venceria a 13.ª edição daquela que é considerada a mais longa e difícil prova de circum-navegação de vela por equipas. E o final foi verdadeiramente épico: com uma excelente opção de rota na parte final, o Dongfeng foi o primeiro veleiro a chegar a Haia, garantindo uma inédita vitória de um barco com bandeira chinesa na competição.

A 19 de Agosto do ano passado, em entrevista ao PÚBLICO, Carolijn Brouwer disse que se o Dongfeng vencesse a 13.ª edição da VOR estaria “no topo” e seria “a mulher mais feliz do mundo”. “É aí que tenho que parar. O meu sonho estará atingido e será a altura de passar a minha experiência para as gerações mais novas.” Neste domingo, a holandesa, que viveu em Lisboa e participou em três Jogos Olímpicos, foi das mais efusivas na chegada ao seu país. Com uma táctica perfeita, o Dongfeng ganhou a última etapa da VOR e garantiu a vitória na competição. Carolijn já pode dedicar-se “à família e parar”.

O sprint final entre Gotemburgo e Haia começou com o Dongfeng na frente, mas sempre com o MAPFRE na sua sombra. A distância entre franco-chineses e espanhóis manteve-se durante os primeiros dois terços da prova sempre inferior a cinco milhas náuticas (cerca de 9 quilómetros), mas a cerca de 315 milhas da chegada aconteceu o momento que decidiu a competição. Já ao largo da costa holandesa, MAPFRE, Team AzkoNobel e Team Brunel optaram por contornar uma zona de exclusão indo por Oeste. O Dongfeng foi por Este. A prova decidiu-se nesse momento.

No final, a equipa franco-chinesa cortou a meta no primeiro lugar e, ainda a bordo do VO65, o skipper francês Charles Caudrelier revelou toda a satisfação pelo histórico triunfo: “Não posso acreditar. Houve tanta pressão durante estes nove meses, em que perdemos pontos estúpidos. Confiamos na nossa navegação e sabíamos onde queríamos passar. Ficámos surpreendidos por ninguém nos ter seguido. Esta é uma equipa de sonho e estou muito orgulhoso por fazer parte dela.”

Com o triunfo do Dongfeng, ainda não foi desta que um velejador conseguiu a "triple crown": vitória nos Jogos Olímpicos, na America’s Cup e na Volvo Ocean Race. A derradeira etapa da VOR 2017-18 era também um confronto entre dois grandes amigos. Após fazerem equipa nos Jogos Olímpicos e na America’s Cup (AC), provas que venceram, os neozelandeses Peter Burling (Team Brunel) e Blair Tuke (MAPFRE) faziam a estreia na VOR e garantiam a inédita "triple crown" com uma vitória em Haia. O Dongfeng impediu que um dos neozelandeses fizesse história na vela.

Sugerir correcção
Comentar