Numa fase difícil para a Tesla, Musk troca acusações com técnico acusado de sabotagem

A empresa está a processar um trabalhador por roubar informação confidencial e mentir aos media. O acusado diz que apenas queria que a verdade se tornasse pública.

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Musk descreve o antigo trabalhador como "um ser humano horrível" Reuters/Joe Skipper

A Tesla está a processar um antigo funcionário da empresa, por este ter alegadamente engendrado um esquema para roubar informação e ter mentido à imprensa sobre os carros fabricados. Para o presidente da empresa, Elon Musk, o trabalhador trata-se de “um ser humano horrível”. O ponto de vista do acusado, o norte-americano Martin Tripp, 40 anos, é diferente: estava apenas a alertar as pessoas sobre as verdadeiras intenções da gigante tecnológica.

Tem sido um mês complicado para o fundador da Tesla, que anunciou recentemente o despedimento de 9% dos trabalhadores e o encerramento de pelo menos 12 fábricas de painéis solares. Apesar da fama de Musk como o empreendedor que quer levar a humanidade para fora da Terra e que pôs um carro a caminho de Marte (com a sua outra empresa, a SpaceX), a Tesla ainda não conseguiu um único ano com resultados positivos desde que foi fundada, em 2003, e tem estado sob críticas e pressão dos investidores.

De acordo com a queixa apresentada pela Tesla, Tripp utilizou programas de computador para transferir “vários gigabytes” de dados – que incluíam fotografias confidenciais, esquemas, e pelo menos um vídeo – para destinatários desconhecidos. “O software estava instalado em três computadores diferentes, de outros indivíduos na Tesla, para que os dados continuassem a ser exportados mesmo depois de [Tripp] sair da empresa, e para que os indivíduos fossem falsamente acusados”, lê-se no documento, que nota que o antigo trabalhador “deu informação falsa” aos meios de comunicação sobre a quantidade de “lixo” resultante da fabricação dos novos modelos de carros da empresa.

“É obsceno”, diz Martin Tripp, numa conversa com o jornal The Guardianuma de muitas desde que foi despedido e acusado de sabotagem. “Estou a ser utilizado como um bode expiatório porque dei informação que é verdade.” Em declarações à CNN, não nega ter recolhido dados da Tesla, mas diz que era “uma fonte de informação” e que as descobertas eram tão preocupantes que tinha de falar com a imprensa. Estas incluem dizer que a Tesla estava a inflacionar o número de vendas, a produzir muito mais lixo do que aquilo que dizia, e a utilizar baterias danificadas nos novos modelos.

A informação ainda não foi confirmada nem desmentida pela Tesla, mas a empresa descreve as denúncias como “exageradas” e diz que Tripp estava frustrado por não conseguir ser promovido na Gigafactory, a fábrica da empresa no Nevada, EUA, onde estava empregado desde Outubro de 2017.

Numa conversa de email tornada pública, Tripp critica Musk pelas “mentiras que diz aos investidores” e avisa que o empresário “vai ter aquilo que merece” (algo que Musk interpretou como uma ameaça).O fundador retalia ao dizer que Tripp é “um ser humano horrível” e que “é normal que empresas com milhares de milhões de dólares investidos em produtos tenham milhões de dólares em lixo.”

Em declarações ao Guardian, Musk admite que foi “provavelmente insensato ter respondido” a Tripp. Numa publicação do Twitter, porém, realça que “as acções de algumas ovelhas negras não vão impedir a Tesla de alcançar os seus objectivos.”

"O lucro não é o que nos motiva. O que nos motiva é a nossa missão de acelerar a transição do mundo para a energia limpa e sustentável, contudo nunca completaremos essa missão se não demonstrarmos que podemos ter lucros sustentáveis", defende Musk, noutro texto divulgado no Twitter. 

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