O surf é mais do que ter uma prancha

Saber de surf é mais do que dizer que o mar está flat. António Pedro de Sá Leal e André Carvalho dão umas pistas, em português e em inglês.

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O maior desejo de quem quer praticar surf é meter-se dentro de água, com a prancha e o fato vestido, dar umas braçadas, apanhar a onda e pôr-se de pé. Enumerado assim parece fácil, mas não é. O surf dá trabalho e para quem tem pouco tempo, como os turistas que chegam ao país e querem experimentar este desporto radical, o foco não está no que podem aprender sobre as ondas ou a segurança, mas no ir para dentro de água o quanto antes. Foi a pensar nestes, e não só, que António Pedro de Sá Leal e André Carvalho escreveram Surfing: The next step, um livro editado pela Casa das Letras e que é um manual da modalidade.

“Temos de entender os desportos e, [no caso do surf] é difícil para quem está de fora conseguir perceber a sensação que queremos passar”, começa por dizer André Carvalho, responsável pela fotografia e pelo design deste livro. “As escolas estão a entregar às pessoas a possibilidade de deslizar uma parede de ondas mas mais nada”, aponta António Pedro de Sá Leal, responsável pela escrita, criticando o turismo de massas, mas acrescentando que compreende as “expectativas das pessoas que querem apanhar ondas”.

Tanto Carvalho como Sá Leal são surfistas há décadas e têm dedicado muita da sua vida profissional a esta modalidade, dentro e fora do país. Além disso, não é a primeira vez que escrevem sobre o tema e fazem-no também em inglês. A ambição é conseguir distribuir o livro pela Europa. “Temos cada vez mais turistas que chegam por causa do surf”, justifica André Carvalho. É gente que vem do Norte e do Centro da Europa. Portugal é um local central para o surf e “tem características únicas”, esclarece Sá Leal. E é sobre a diversidade de praias, de Norte a Sul, passando pelas ilhas, que este livro fala, dando dicas sobre as praias ideais para o fazer e das características de cada uma delas.

É também sobre as ondas, os fundos, os ventos, as marés ou como ler a previsão que este livro fala. De como entrar e sair do mar, das prioridades dentro de água e de todas as regras, as de segurança incluídas. “As pessoas não têm noção que têm uma arma debaixo do corpo e que há regras que desconhecem. É como darmos um carro para a mão a alguém que nunca tenha estudado o código”, exemplifica Carvalho, que acredita que com este livro está a contribuir para a educação de quem quer abraçar a modalidade.

O livro informa ainda sobre o material a usar, as manobras que podem ser feitas dentro de água e sobre a cultura do surf, nomeadamente a alimentação equilibrada e um estilo de vida saudável, preocupado com o ambiente. “O surf precisa de ser trabalhado e estimado”, resume Sá Leal, que com este livro quer contribuir para isso mesmo.

Lisboa para os mais novos (e não só)

“As senhoras de salto alto não gostam dela. Em dias de chuva metade da população acaba no chão. Mas todos concordam: é linda a nossa calçada.” É assim apresentada a calçada portuguesa (“desenha um padrão de que gostes, pintando as pedras de preto”) no livro de actividades Lisboa Divertida. O livro, com edição em português, inglês e francês, diz tudo. Ou quase. Lá dentro estão 50 actividades que exploram o lado divertido da cidade, ao mesmo tempo que contam a história e apresentam alguns pontos turísticos. Pintar, desenhar, contar, imaginar, observar e descobrir. Os mais pequenos — e porque não os mais crescidos? — podem acabar de construir a Ponte 25 de Abril, escrever o que aconteceu a D. Sebastião, desenhar os mouros a fugir, coleccionar padrões de azulejos e inventar a sua própria calçada portuguesa.

As praias da Caparica e outras histórias

“Um dia, penso: que sítio é este onde vivo? Que edifício aberrante ali nasceu? Que fabriqueta no meio das hortas? Que gente vive em cima daquela praia?” Na escrita de Da Costa – Praias e Montes, Luísa Costa Gomes foi perguntar e ficou zonza só de ouvir as pessoas. “A paixão que têm por esta Costa da Caparica e seus arrabaldes é admirável, é comovente. As lutas em que se empenham são dignas e metem respeito. Têm opiniões fortes e fundamentadas, porque a terra lhes interessa”, escreve a autora. Estas pessoas não são turistas. O livro começa nas praias da Costa da Caparica, vai à Cova do Vapor e sobe depois pelas quintas, vestígios das famílias fidalgas que vinham à Margem Sul desenfadar-se da corte e de Lisboa. O percurso termina no Bairro dos Cooperativistas, habitação construída para operários da Lisnave. Através de conversas e entrevistas, o retrato vivido de um pequeno mundo.

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