Termas: da receita médica ao puro bem-estar
As termas mudaram, já não são apenas um sítio de tratamento onde se bebem umas águas ou se tomam uns banhos, mas espaços de bem-estar, luxo e beleza. Quem lá vai fá-lo não apenas por recomendação médica como para fazer turismo de bem-estar. Em Vidago, Pedras Salgadas ou São Pedro do Sul.
Mónica Chaves cresceu a ver Vidago num alvoroço de gente que “enchia hotéis e alugava quartos” na época termal, que passava os portões do Vidago Palace Hotel para depois formar uma fila que dava a volta ao edifício da fonte para beber água mineral e curar as maleitas. Os tempos mudaram. A azáfama deu lugar à tranquilidade num spa termal procurado por pessoas mais jovens que procuram o bem-estar. Construídas de raiz, as termas tornaram-se um destino de luxo mundial, integradas no hotel reconstruído que mantém os cenários da Belle Époque e a famosa escadaria, mas que agora é um cinco estrelas de glamour. Vidago continua a receber doentes, mas já é mais procurado para prevenção da saúde, para o bem-estar e a beleza.
Em pequena, Mónica, hoje médica hidrologista, assistia na primeira fila a todo aquele corrupio de gente carregada de malas, que atracava na vila durante um mês, na então época termal, entre Junho e Setembro. “Parecia uma romaria! As pessoas vinham de um ano para o outro e ficavam um mês a fazer tratamentos para doenças músculo-esqueléticas, de pele ou das vias respiratórias”, recorda. Gostava tanto de ver a vila cheia de vida, dos amigos que fazia e revia ano após ano, de toda aquela animação.
“Via-se tanta gente a passear nos jardins para fazer tempo entre os intervalos das tomas de água prescritas pelo médico”, lembra a médica, enquanto percorre a alameda do recuperado hotel. “Chamávamos a isso passear as águas, porque, na prática, os utentes caminhavam nos parques com a água no estômago depois de beber numa nascente, enquanto esperavam pela próxima toma noutra fonte. Só em Pedras Salgadas eram cinco nascentes”, acrescenta Maria José David, manager do remodelado Pedras Salgadas Spa & Nature Park, um quatro estrelas plantado na natureza que tem como grande chamariz turístico as 12 eco-houses e as duas tree houses. Imagine adormecer nestas casas de árvore com uma janela gigante com os olhos colados às estrelas e acordar com vista para a vegetação num dia soalheiro.
O parque fica a poucos quilómetros de distância de Vigado e tem ainda o spa termal, que foi reconstruído no antigo edifício das termas, com arquitectura de Siza Vieira, onde nos “anos 1990 chegavam pessoas mais velhas para fazer tratamentos músculo-esqueléticos e digestivos durante duas semanas”, recorda Maria José David. Por essa altura, lembra, “só abríamos de Maio a Setembro, que era a época termal pura e dura”, continua, enquanto mostra o quanto mudou o parque de 20 hectares, com circuitos terrestres sinalizados para caminhar e andar de bicicleta, com courts de ténis e piscinas interiores no spa termal e outra no exterior não muito longe do lago, e o restaurante Casa de Chá.
“Os tempos áureos das termas foram os anos 1920 a 1950. Nos anos 1970 e 1980 foi o declínio, com o êxodo para as praias”, lembra a responsável do Pedras Salgadas Spa & Nature Park. Os tempos mudaram e as mentalidades também. Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), defende, em entrevista à Culto, que “as termas são uma alternativa aos banhos de mar e fazem melhor do que a praia. A água quente das termas é benéfica para a saúde enquanto a fria do mar, por exemplo, é má, assim como a exposição solar”.
As novas termas
Actualmente, as termas continuam a ter muita procura, mas nada que se compare ao rodopio que era há algumas décadas, recorda Mónica Chaves, seguindo em direcção a uma das quatro fontes termais do Vidago Palace Hotel. Para trás deixa o edifício que abriu em 2010, cem anos depois de ter sido inaugurado. “Foi mandado construir por D. Carlos I, mas abriu no início da Implantação da República, a 6 de Outubro de 1910, como resort de luxo, aproveitando as propriedades das águas termais para a aristocracia e burguesia portuguesas e europeias”, conta Jorge Machado Almeida, director do hotel. “Mas as águas, a 17º ou 18º, foram descobertas em 1886 e tinham muita afluência. Vinham famílias durante meses”, realça. Esses tempos deixam saudades. “Ainda eu não estava aqui na fonte. Parecia uma romaria. Chegavam camionetas umas atrás das outras. Lembra-se, doutora Mónica? Até vinham carregados de garrafões para levar a água para casa”, recorda Maria Conceição Veiga, que guarda a fonte há oito anos. Mal sabia que, a dada altura da sua vida, passaria de espectadora das filas de gente a “guardiã” dessa mesma fonte, numa espécie de fortaleza de pedra, com a torneira da água sempre a correr. “Não se pode fechar. Sabia?”
“Quando os vejo a entrar de garrafões, começo logo a rir, porque já sei que vão pedir para levar água para casa”, continua a “guardiã” da fonte, que amealhou tantas histórias que davam um livro. Mas ninguém sai dali sem provar, a não ser que não queira. Qualquer visitante bebe um copito enquanto os utentes em tratamento – ou hidropinia, que é a ingestão de água termal – podem fazer quatro ou seis tomas diárias, dependendo da prescrição médica, que têm de entregar a Maria Conceição Veiga. Quem experimenta pela primeira vez, estranha o sabor intenso e ferroso da água, “porque o mineral mais intenso é o ferro”, continua, acrescentando a receita para beber: “Um golinho, parar e voltar a beber. É um protector do estômago.”
Mónica Chaves ainda se lembra das injecções de água termal que eram ministradas aos doentes de Vidago. “Diziam que doíam muito”, conta. Foram depois proibidas, mas estão em vias de ser recuperadas em breve.
Queda no termalismo clássico
“Hoje, cada vez mais se sente a procura dos clientes, não tanto por motivo de doença, mas, sim, como prevenção da mesma, procurando alternativas aos métodos invasivos ou químicos”, continua a médica.
Esta é uma tendência em todo o país. “Em 2007, havia 75% de clientes de terapêutica, ou seja, termalismo clássico. Hoje anda na ordem dos 38%”, informa Victor Leal, director da Associação das Termas de Portugal (ATP). O que é fácil de explicar: as comparticipações do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos tratamentos foram suspensas em 2011, o que se reflectiu na redução do número de utentes e, por consequência, da facturação de termalismo tradicional. “Sentimos uma quebra muito significativa nesse ano: o sector perdeu 30 mil utilizadores”, realça Teresa Vieira, anterior presidente da ATP. Victor Leal crê que a reposição das comparticipações pelo Estado “será uma mais-valia para o desenvolvimento das termas”. Acrescentando: ”Estamos esperançosos de que os próximos cinco anos sejam de crescimento.” Mais ainda, continua Teresa Vieira, “os balneários estão mais bem apetrechados, porque o grosso do parque termal nacional foi remodelado”.
Apesar de haver mais clientes de bem-estar do que terapêuticos nas termas do país, Teresa Vieira assegura que os tratamentos clássicos representam 85% da facturação, o que tem um maior peso na hora de fazer contas. Bem explicado, entende-se porquê: exige uma consulta nas termas com o médico hidrologista que prescreve os tratamentos, que duram, em média, 14 dias.
Em contrapartida, surge um público mais jovem, na grande maioria entre os 35 e os 50 anos, e activo, que procura as termas para prevenção e promoção de saúde, bem-estar, beleza e lazer, durante dois a cinco dias. O termalismo clássico puro e duro continua a ser mais procurado por pessoas com mais de 65 anos, na maior parte de nacionalidade portuguesa, acrescenta Victor Leal.
A tendência do bem-estar está para ficar, basta olhar para os números, por exemplo dos spas termais de Vidago e de Pedras Salgadas, a poucos quilómetros de distância um do outro, adquiridos em 2002 pelo Super Bock Group, anterior Unicer. Só no Vidago Palace Hotel, 70% dos clientes são de bem-estar, segundo Jorge Machado Almeida, director dos dois espaços. Já no Pedras Salgadas Spa & Nature Park, o bem-estar abarca 85% dos clientes, diz Maria José David. “É um público que procura o spa, uma boa gastronomia e que foge às grandes multidões das praias para descansar e ter contacto com a natureza”, elucida o director. Em Vidago, por exemplo, “temos famílias que visitam o parque todos os anos, desde os avós aos netos”.
A clientela do Vidago vai mudando conforme as épocas: entre os 50 e 70 anos durante os dias de semana na Primavera e no Outono; entre os 35 e os 50 anos durante os fins-de-semana e férias escolares. São maioritariamente portugueses seguidos dos ingleses e espanhóis. Já nas Pedras Salgadas, o público-alvo é mais jovem, dos 25 aos 45 anos, que leva filhos e até os pais, que gosta do conceito mais descontraído eco-resort, mais direccionado para a natureza e ecologia, e, por norma, fica três ou quarto noites. Este público aproveita o spa com circuito de piscinas – a mais pequena de água não mineral a 27º e a grande a 32º –, a sauna, o banho turco e as massagens; e ainda anda de bicicleta e a pé no parque arbóreo.
Piscinas de água quente
Maria de Fátima Faria e o marido, Jean-Guy Hubens, fazem parte do crescente número dos que procuram o bem-estar nas termas. Os dois nadam na piscina de água quente enquanto fixam a baleia desenhada por Siza Vieira na parede do spa do hotel de Vidago. O casal não se cansa de admirar as linhas modernas deste projecto e a paisagem verde que lhes entra, como se de um quadro se tratasse, a partir do enorme rasgo envidraçado, pela parede ao fundo da piscina. Lá fora chove torrencialmente e não tarda nada o casal vai juntar-se a umas quantas pessoas que estão na piscina exterior a uma temperatura de 35º. “Há uns meses nevava e fomos na mesma para lá. Nem imagina a sensação que é levar com os jactos de água quentíssimos nas pernas e na cervical enquanto a neve cai na cara. Foi espectacular, não foi, Jean?”, questiona, maravilhada com todo aquele ambiente interior do espaço que já foi classificado como o melhor spa internacional e o melhor destino spa de luxo. O marido anui com um sorriso de orelha a orelha: “Foi muito bom, sobretudo depois de ter estado na sauna”, para onde tenciona ir, agora que já acabaram de dar umas braçadas na piscina interior a uma temperatura de 29º.
“Aproveitamos ao máximo o spa termal por uma questão de prevenção de saúde e de bem-estar. Nunca por estarmos doentes”, garante Jean-Guy Hubens, que sente logo benefícios a nível respiratório e da pele quando frequenta o spa termal, sobretudo os tratamentos que têm água termal, como o duche de jactos ou o de massagem Vichy. Este último, explica a hidrologista Mónica Chaves, “é dos mais completos, por juntar o efeito terapêutico da água termal que sai de uma coluna suspensa ao longo do corpo com a massagem dirigida pelo terapeuta. É dos mais utilizados para doenças músculo-esqueléticas, osteoarticulares, ansiedade, stress ou para tonificar”. É também o mais procurado, acrescenta Gabriela Silva, gerente do spa do hotel de Vidago, licenciada em Ciências do Desporto.
Estes tratamentos complementares aos clássicos só fazem bem a Maria de Fátima Faria, que sente a diferença. “Não nos queixamos das costas como muita gente faz. Se tenho uma dor na cervical, resultante de má postura, faço um tratamento terapêutico e fico como nova”, elucida. “Só não vimos mais porque fica dispendioso”, lamenta, um tratamento de 40 minutos pode custar 70 euros. O casal não está hospedado no hotel, mas mora em Vidago desde que veio “de vez” de Estrasburgo.
“Já nessa altura aproveitávamos os tratamentos terapêuticos e até fazíamos termas sempre que vínhamos de férias, só por uma questão de prevenção e bem-estar”, conta Jean-Guy Hubens, que sabe que se quiser fazer mais do que dois tratamentos tem de ir ao médico hidrologista. “Se for preciso, também faço os tratamentos terapêuticos que duram 14 dias, mas não por estar doente, não é, Jean?”, pergunta ao marido. Talvez agora que o Estado passará, em breve, a comparticipar os tratamentos possam fazer mais, logo se verá. Por enquanto, o casal vai dando as suas braçadas na piscina, fazendo um ou outro tratamento, e depois bebe um copo de água mineral da fonte para “fazer melhor a digestão”.
Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), defende os tratamentos termais. Estes “surtem efeito em várias situações clínicas e doenças crónicas, como a sinusite e as doenças músculo-esqueléticas”, exemplifica.
Nos casos que não são de termalismo clássico, continua a médica de Vidago e Pedras Salgadas, “tentamos orientar os tratamentos para aquelas que são as principais preocupações dos clientes: o estado físico em que se encontram, o nível habitual de actividade, a duração da estada, entre outros factores, resultando sempre numa prescrição personalizada”. A médica esclarece ainda que a forma como a água é administrada vai ao encontro do que se pretende. Pode ser através de hidropinia (ingestão oral da água directamente das fontes com uma dose crescente, em dois períodos diferentes no dia) para o tratamento de azia, enfartamento, doença de refluxo, gastrite crónica, doenças inflamatórias intestinais e discinesia biliar. Também pode ser por aerossol, mais utilizada em doenças respiratórias. Depois existem os banhos de imersão simples, de hidromassagem com jactos controlados ou subaquático, ambos muito utilizados para doenças de pele, como, por exemplo, eczema atópico, psoríase, dermatites alérgicas, doenças osteoarticulares, músculo-esqueléticas, mas também para relaxamento, diminuição da ansiedade e do stress.
Gabriela Silva, do spa de Vidago, onde também há tratamentos de medicina tradicional chinesa, revela que há uma grande procura de programas de bem-estar de três dias, que incluem uma caminhada na natureza, pelas fontes de água mineral com prova de água, com a terapeuta como personal trainer. O cliente pode fazer até dois tratamentos termais, ter acesso às piscinas, fazer banho turco e andar de bicicleta no parque. Um programa assim, com estada no hotel, pode custar 800 euros; sem alojamento são 250 euros.
Mudança de mentalidades
Quem está à frente dos spas termais já percebeu a mudança e promove programas complementares aos tratamentos clássicos. Estes locais de luxo acenam aos turistas com pequenas escapadinhas em que podem juntar turismo de natureza com tratamentos terapêuticos, cuidados de bem-estar e de beleza. No entanto, estes “não deixam de ser programas de promoção de saúde e [prevenção e tratamento] de doença”, salvaguarda Teresa Vieira.
Por exemplo, os picos de procura nas Pedras Salgadas são Julho e Agosto para estética, tratamentos anticelulíticos, manicure e pedicure. “Quem faz termas vem para atenuar, para passar melhor o Inverno. No bem-estar vêm pelo relaxamento, para aliviar a tensão músculo-esquelética acumulada. As pessoas sentem-se bem ao fazerem termas”, elucida Júlia Costa, terapeuta do spa de Pedras Salgadas. Durante duas horas, o cliente pode fazer o circuito relax – piscina, sauna e banho turco – por 15 euros. Se quiser usar só a piscina, são seis euros.
O bem-estar começa a ter um peso tão grande que as termas das Caldas de São Jorge abrem ao sábado só para o público de bem-estar com uma experiência que inclui circuito na piscina e dois tratamentos, como o duche de massagem tipo Vichy ou escocês (de agulheta com alternância de temperaturas) e massagem relaxante (entre os 40 e 60 euros).
Em São Pedro do Sul, onde Victor Leal é director, os dois balneários termais têm piscina com água termal que é sulfurosa, oferecem massagens e tratamentos. Aqui a água destina-se ao tratamento das vias respiratórias e problemas músculo-esqueléticos, sendo este último tratamento o mais procurado.
Desde 2014 que naquelas termas existem duas linhas de produtos em que um dos ingredientes é a água sulfurosa. Uma linha hidratante (com creme de rosto, óleo corporal, base lavante e sabonete) e outra anti-rugas (creme e máscara de rosto). “Só em 2017 facturámos 170 mil euros com os produtos de dermocosmética”, revela, acrescentando que em breve vão lançar uma linha para homem numa parceria com a Universidade da Beira Interior.
Já as Termas da Terronha, em Vimioso, que abriram em 2013, e foram homologadas em 2016 para doenças músculo-esqueléticas e das vias respiratórias, também são mais procuradas para bem-estar – mais de 65% só no ano passado. Sobretudo para o duche de massagem tipo Vichy (15 euros), que pode incluir esfoliante, lava vulcânica e aroma de cacau; além do duche escocês (oito euros) e da massagem de aromaterapia com água termal com aromas de plantas silvestres da região. “Aqui a água termal tem propriedades diuréticas”, refere Francisco Bruço, do complexo termal. Mas é o termalismo clássico que fica à frente nos meses de Julho a Setembro, porque o público é o da emigração. Um tratamento terapêutico é receitado para 14 dias – e pode incluir duche Vichy, banho escocês e de vapor à coluna, com um custo de até 200 euros.
Recentemente, o Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) lançou uma edição com as 20 estâncias termais sob a sua alçada, em contexto de paradisíacas paisagens, bom alojamento, golfe e gastronomia. Para Melchior Moreira, presidente do TPNP, o novo guia vem “reforçar a aposta na promoção de produtos diferenciadores para alavancar o turismo no território durante a época baixa e aumentar a estada média”, que, ao nível do segmento do bem-estar, é de dois dias e, quando motivada por questões médicas, passa para sete a 14, consoante o subsistema de saúde do cliente. “Em 2017, as termas motivaram 7% da procura global registada nas lojas de turismo, numa subida de 5% em relação a 2016, sendo que, entre os visitantes que se alojaram na região para usufruir dos seus balneários, 34% eram espanhóis e 16% franceses”, revela o responsável.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Hidrologia Médica e Climatologia e de Hidrologia Internacional, Pedro Cantista, recomenda as termas, “uma tradição muito antiga”. “Viemos da água e somos água, precisamos dela para viver”, justifica. “As populações querem viver melhor.” Apesar de não ser comparticipado pelo SNS, realça, “ainda se prescreve bastante e está em crescendo”. Para o também director clínico das termas de Caldas de São Jorge e do Luso, que relembra que o termalismo vem do tempo dos romanos, “é do conhecimento e bom senso público que, se promovermos a saúde – que inclui a prevenção, o tratamento, a reabilitação –, adoecemos menos”.