PSD pede demissão do ministro da Saúde e Adalberto acusa partido de "populismo"

Adalberto Campos Fernandes acusa sociais-democratas de "populismo"

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Ricardo Baptista Leite (PSD) Nuno Ferreira Santos

O PSD pediu esta sexta-feira a demissão do ministro da Saúde, considerando que, perante o "descalabro" no sector é a única atitude que se espera. Adalberto Campos Fernandes respondeu de forma dura: o PSD está a cavalgar o “populismo” e a fazer “campanha eleitoral” no Parlamento.

O repto da demissão foi lançado num debate parlamentar pelo deputado social-democrata Ricardo Batista Leite, que considerou que "o ministro da Saúde já não existe" e que o ministro das Finanças "tomou de assalto" o Ministério da Saúde.

"Se o ministro da Saúde é um mero delegado do ministro das Finanças, é porque temos um primeiro-ministro irresponsável que o permite, que assiste impávido e sorridente à destruição progressiva dos serviços", afirmou o deputado do PSD, que é porta-voz do Conselho Estratégico Nacional para a área.

Para Ricardo Batista Leite, os "portugueses estão cada vez mais doentes" e o actual Governo transformou "o Serviço Nacional de Saúde no Serviço Nacional da Doença".

Do lado do CDS, sem referir a questão da demissão do ministro, a deputada Isabel Galriça Neto disse que é penoso ver o "contorcionismo político" do Governo numa área em que não se pode falhar. "O senhor não seja Centeno, seja ministro da Saúde. Apresente soluções, porque o senhor é responsável por esta área há mais de dois anos", exigiu a parlamentar. Já ontem o líder da bancada do CDS Nuno Magalhães tinha ido mais longe: “Ou o senhor ministro resolve os problemas e deixa de ser Centeno ou saia para que outro resolva os problemas, os profissionais do sector não acreditam no ministro, o país não acredita no ministro.”

Depois do debate, o ministro respondeu ao PSD, criticando o partido por estar todas as semanas a “cavalgar” o “populismo”. Como exemplo apontou a defesa do aumento dos funcionários públicos por parte dos sociais-democratas. Sublinhando que o Governo está a “regenerar” um sistema que “foi delapidado” em anos anteriores, Adalberto Campos Fernandes contra-atacou: “A demagogia e a mentira não é útil aos portugueses”. Questionado sobre a iniciativa invulgar de um partido da oposição pedir a demissão de um ministro, o governante não poupou o porta-voz social-democrata: “Como reparou o senhor deputado estava em campanha. No final da intervenção fez apelo ao voto no PSD”. E questionou: “Acha que é para levar a sério um deputado que faz do hemiciclo uma sala de comício?”. O governante acusou ainda o PSD de querer “há muitos anos privatizar” os serviços de Saúde.

O ministro foi ainda questionado pelos jornalistas sobre os pedidos de demissão por parte dos profissionais do sector. Na resposta, Adalberto Campos Fernandes sugeriu que se consultassem os registos históricos desse tipo de pedidos a ministros da saúde para concluir que está “no ranking do que menos teve” esses reptos.

Durante o debate, o Bloco de Esquerda pediu ao ministro que tenha atenção às reivindicações dos profissionais de saúde. "O senhor ministro continua a protelar negociações. A sua política começa a parecer-se em demasia com a política do anterior governo e isso é perigoso para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)", afirmou o deputado Moisés Ferreira, considerando que "ser Centeno é ser contrário ao SNS". A este repto, o ministro respondeu dizendo que é o que tem feito e que as negociações vão continuar.

O PCP optou por avisar Adalberto Campos Fernandes de que não são admissíveis mais adiamentos de negociações com os profissionais de Saúde e que "é urgente a inversão do rumo".

"O Governo não pode continuar a adiar a negociação com as estruturas representativas dos trabalhadores. Cada dia que adia a concretização das justas reivindicações dos profissionais de saúde é mais um dia que contribui para a fragilização e diminuição da resposta pública", disse a deputada comunista Carla Cruz.

Na sua intervenção, o PS deu nota de um caso concreto em de falta de recursos humanos no Centro de Saúde de Gouveia, no distrito da Guarda. O deputado Santinho Pacheco referiu que no dia 12 de Abril tomou conhecimento que um dos técnicos de radiologia que prestava serviço no Centro de Saúde de Gouveia tinha sido deslocado para trabalhar no Hospital Nossa Senhora da Assunção, em Seia. "Como consequência disso, o horário de funcionamento do RX em Gouveia foi reduzido em prejuízo dos utentes deste concelho e da região", apontou. Com Lusa

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