Um retrato do Nepal sem o filtro do guia turístico

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Existe o Nepal dos guias turísticos — "que é sobretudo direccionado aos viajantes ocidentais" — e o Nepal que se esconde entre as páginas desses guias, "o da população que vive abaixo do limiar da pobreza". Marco Sadori, fotógrafo italiano de 39 anos, passou alguns meses "perdido" no Nepal, sem um plano de viagem, sem um mapa, sobretudo na companhia do cidadão comum. "Passei a maior parte dos dias nas ruas, a conhecer pessoas, a falar com elas, a partilhar momentos e refeições", explicou ao P3, em entrevista. É difícil, para o fotógrafo, encontrar palavras que traduzam o verdadeiro carácter e identidade do Nepal, uma vez que a raiz cultural e social do país se tem vindo a alterar em consequência do processo de globalização.

 

"Há várias facetas do Nepal que coexistem: é possível reconhecer um país espiritualmente forte, onde milhares respiram sacralidade, afastados do negócio do turismo; existe também o Nepal dos muitos agentes turísticos, que criam pacotes perfeitos para viajantes, mais sedentos de exotismo do que de verdadeiro conhecimento sobre a cultura local", descreveu. "Existe, além dessas duas caras, aquela que revela a pobreza profunda em que vivem imersos os cidadãos, aquela em que um prato quente de momo é considerado um luxo." O que mais surpreendeu Sadori foi o silêncio que impera no país. "O Nepal permite-te acalmar, sentir melancolia. É um lugar que não tenta provar nada e que consegue sempre fascinar." O projecto The Hidden Face of Life in Nepal conheceu, recentemente, publicação na plataforma Social Documentary Network.