O Professor não sabe mesmo nada do que aí vem em La Casa de Papel

Em mesa-redonda em Roma, os actores Úrsula Corberó e Álvaro Morte falam do êxito global da série espanhola que continuam sem saber explicar. E a terceira temporada? É para o ano que vem e “não sabemos ainda nada”.

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Da esquerda para a direita: Miguel Herrán, (máscara não especificada), Álvaro Morte, Alba Flores, Úrsula Corberó, Jaime Lorente. netflix

Não vale a pena insistir, porque Álvaro Morte não sabe mesmo nada de nada do que aí vem em La Casa de Papel. Álex Pina, o criador da série policial espanhola que se tornou um fenómeno global, não revelou ainda ao elenco o que irá acontecer na próxima série de episódios, que o Netflix anunciou esta semana que irá estrear-se em 2019 em exclusividade global no serviço de streaming.

É um problema, como diz o actor que interpreta O Professor, em resposta a uma pergunta do PÚBLICO numa mesa-redonda de entrevistas num hotel do centro de Roma, ao fim de uma tarde soalheira de quinta-feira. A série original foi filmada cronologicamente, e os actores entraram nas rodagens sem saberem ao certo o que iria acontecer em seguida (o que lhes permitiu construir as personagens ao mesmo tempo que a série ia sendo feita — “a minha personagem, por exemplo, cresceu muito para lá do que estava no guião”, diz Álvaro Morte). A próxima temporada — a terceira pelas contas do Netflix, que reconfigurou os 15 episódios originais espanhóis em 21 — está, literalmente, no segredo dos deuses, e os actores nada sabem do que aí vem. (“Juro! A sério!”, diz Álvaro.) “Mas falas com o Pina, e ele é um tipo tão criativo que confias nele, e devemos-lhe essa confiança depois do que ele fez com a primeira série.” Mas o efeito-surpresa é repetível?

Flashback. Quando La Casa de Papel se estreou em Espanha, onde os 15 episódios originais foram exibidos pela Antena 3 em duas levas (a primeira em Maio e Junho e a segunda em Outubro e Novembro), a história de um assalto ousado à Casa da Moeda espanhola que faz 67 reféns durante 11 dias teve sucesso. Mas as audiências foram caindo (o último episódio foi visto por menos de dois milhões de espectadores, quando quatro milhões tinham visto a estreia). E os actores conseguiam continuar a fazer uma vidinha sossegada, como diz Álvaro Morte. Entretanto, o Netflix adquiriu os direitos internacionais da série e fez uma remontagem, dividindo a série em duas “temporadas” (13 episódios disponibilizados em Dezembro de 2017 e os restantes nove no princípio do mês de Abril). Eis a loucura instalada: La Casa de Papel tornou-se uma das séries mais populares do serviço um pouco por todo o mundo, com um efeito de boca-a-boca que apanhou toda a gente de surpresa e a atirou para o top 20 de preferências.

Úrsula Corberó, a “Tokio”, que partilha estes breves 14 minutos (contados ao milímetro pelas assessoras de imprensa) com Álvaro e seis jornalistas europeus, confessa em Roma que esta “segunda vida” da série, ainda por cima numa montagem diferente da que foi vista em Espanha, é simultaneamente muito estranha e muito divertida. “É algo que raramente deve ter acontecido no mundo da televisão. Mas é gratificante, sobretudo porque todos nos entregámos ao projecto com muito amor, e ainda bem que aconteceu com esta série, em que investimos tanto. Com outra não me sentiria tão orgulhosa...”

“É de loucos”, confirma Álvaro. “Quando passou em Espanha, era preciso esperar uma semana pelo episódio seguinte, e agora temos pessoas a dizerem-nos que viram tudo em dois dias... Mas é óptimo receber todas estas mensagens, porque sentimos finalmente que estamos a receber de volta o que metemos na série.” Por outro lado: “Imagine que, no outro dia, o Netflix nos estava a dizer que se calhar na Argentina vamos ter de ter seguranças. Seguranças? Nós?” “Nem pensar”, ri-se Úrsula. “Em Madrid fazemos uma vida normalíssima, mas de repente noutros países somos vedetas...” Uma jornalista turca confirma e diz que é portadora de vários pedidos de casamento para os actores. “A Turquia aceita a poligamia?”, diz Álvaro. “Tem fotografias?”, completa Úrsula.

Voltemos ao princípio. O fenómeno: é ou não repetível? “Não temos uma resposta mágica”, diz Álvaro. “Se tivéssemos... É uma mistura de elementos muito bem gerida, mas o elemento mágico nenhum de nós sabe qual é. Talvez nunca ninguém o consiga perceber. Li ontem um tweet em que alguém dizia: porque é que se vai reabrir uma série que estava fechada? Percebo isso, mas devo ao Álex a confiança nele — ele nunca nos desapontou ao longo da primeira série, e ele não quer fazer uma coisa nova, nem encontrar uma nova maneira de misturar os ingredientes.” E remata: “Não sabemos mesmo nada, juro!”

O PÚBLICO viajou a convite do Netflix

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