Dois portugueses, Gabriel Abrantes e Duarte Coimbra, na Semana da Crítica de Cannes
Um filme sobre o amor com a ambição de ser "a maior canção pop" e a “louca odisseia” de um ícone do futebol: Amor Avenidas Novas e Diamantino.
A curta-metragem Amor Avenidas Novas, de Duarte Coimbra e a longa Diamantino, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, concorrem em Cannes na 57ª Semana da Crítica - secção paralela à competição principal, mas ainda assim competitiva, com um júri este ano presidido pelo cineasta norueguês Joachim Trier (Oslo, 31 de Agosto) e que integra os actores Chloe Sevigny e Nahuel Pérez Biscayart (recente César da melhor esperança masculina por 120 Batimentos por Minuto, o filme de Robin Campillo).
Amor Avenidas Novas é um filme de escola de um diplomado em realização pela Escola de Teatro e Cinema de Lisboa. Duarte Coimbra tem 22 anos, Amor Avenidas Novas, que estará em competição, antes, no IndieLisboa, é uma magnífica exibição de egocentrismo e de melancolia como não se via, talvez, desde as curtas iniciais de Miguel Gomes - isto é, o desejo de se expor, cantar e dançar, patente em cada plano e dessa forma, talvez, se esconder.
A declaração de intenções do realizador é esta: “A maior intenção era fazer um filme feliz, romântico se possível, que se debruçava sobre o Amor em que eu acredito, fantasioso e imaturo. Tudo isto a partir das coisas que me deixavam mesmo miserável e triste: a minha relação com a cidade, a solidão e o vazio. Talvez seja necessário ser-se ou estar-se muito triste para encontrar a comédia e a felicidade. A preocupação que para mim é recorrente, cada vez que parto para um novo projecto, de retratar a minha realidade: o Amor, a Avenida, a Música, os Amigos, a Minha Geração. Gostava que o filme tivesse uma força tão grande quanto a maior canção pop, que tem a capacidade de mascarar e parece dar um alento quase mágico e inexplicável”.
Charles Tesson, delegado-geral da Semana Crítica, ao comentar os filmes seleccionados refere-se à graciosidade indolente de Amor Avenidas Novas...
Já Diamantino, co-produção entre Portugal e a Suíça, é descrito como a “louca odisseia” de um ícone absoluto do futebol, odisseia essa em que se “confrontarão neofascismo, crise dos imigrantes, tráficos genéticos delirantes e a busca desenfreada da perfeição”. Gabriel Abrantes tem 34 anos e este fim de semana foi premiado no Córtex, Festival de curtas-metragens de Sintra. Recebeu Grande Prémio do Júri – composto por Beatriz Batarda, Cláudia Lucas Chéu e Sérgio Tréfaut – por Os Humores Artificiais.
O Festival de Cannes abre a 8 de Maio, com a exibição de Todos lo Saben, que Asghar Farhadi rodou com Javier Bardem e Penelope Cruz.