Esquerda unida na “vigília de resistência e apoio” ao ex-Presidente

Lula elogiou os jovens candidatos à presidência do PCdoB e do PSOL, presentes no palco onde fez a última intervenção antes de ser preso.

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Lula no palco ao lado de Manuela D'Ávila Leonardo Benassatto/Reuters
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Milhares de pessoas quiseram estar com Lula este sábado Paulo Whitaker/Reuters

Nos últimos meses a esquerda brasileira tem prometido unir-se para denunciar a “fraude” de uma eleição sem Lula da Silva. Pelo menos durante algumas horas, este sábado, em cima do palco montado diante da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, isso foi uma realidade. A esquerda brasileira juntou-se para se despedir do que era até agora o seu grande trunfo para as presidenciais de 7 de Outubro – e prometeu continuar unida e lutar pela sua libertação.

“Até às eleições, o que vai orientar a esquerda é o destino de Lula”, disse ao PÚBLICO Manuela D’Ávila, candidata do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), quando passou por Lisboa, em Janeiro. “Quero cumprimentar essa garota, garota bonita e militante do PCdoB que também está a fazer a sua primeira experiência de candidata à presidência”, disse Lula sobre Manuela D’Ávila.

Na missa em memória de Maria Letícia, a mulher de Lula que morreu o ano passado e faria sábado 68 anos, a candidata do PCdoB, com 36 anos, foi uma entre dezenas de dirigentes de esquerda que quiseram mostrar solidariedade com Lula antes de este se entregar à Polícia Federal.

Minutos antes do cumprimento a D’Ávila, o ex-Presidente chamara Guilherme Boulos, candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), “companheiro da mais alta qualidade”. Lula só teve elogios para Boulos. “Vocês têm de levar em conta a seriedade deste menino. Ele tem 35 anos”, afirmou. “Você tem futuro, meu irmão, é só não desistir nunca”.

“Eu acho um motivo de orgulho para esse país ter jovens assumindo a política e dizendo ‘quero me candidatar, quero transformar o país’”, disse Lula, antes de aproveitar para cumprimentar ainda “o jovem presidente do PSOL, Juliano Medeiros, que também tem 35 anos.

Claro que também lá estavam potenciais candidatos do seu Partido dos Trabalhadores – oficialmente, Lula ainda é o candidato do PT. Fernando Haddad, o ex-prefeito de São Paulo que esteve sempre no palco, apesar de discreto, é o nome mais falado. Igualmente discreto esteve Celso Amorim, ex-ministro de Lula que era apontado como candidato a governador do Rio de Janeiro mas também se admite que possa vir a ser alternativa a Lula.

Haddad e Amorim foram dois dos muitos mencionados individualmente no início da sua intervenção diante dos milhares de apoiantes que se juntaram para uma missa transformada em “vigília de resistência e apoio” (como descreveram alguns intervenientes). Mas o jornal Folha de São Paulo notou como “a euforia com que Lula mencionou Boulos e Manuela contrastou com a protocolar menção ao ex-prefeito de São Paulo”.

Lula apelou “a toda a esquerda” para enfrentar a batalha de Outubro “contra a direita”. E os vários abraços aos candidatos do PCdoB e do PSOL teriam um alvo bem definido: a ala do PT que resiste ao seu desejo de unir a esquerda e evitar a dispersão dos votos. No fim da cerimónia-comício, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também pediu para nenhum dos presentes “baixar a guarda”, avisando que Curitiba, onde Lula ficará preso, será “ocupada” de imediato. "O centro do Brasil será lá, em Curitiba, enquanto o nosso Presidente estiver preso".

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