Militares israelitas já mataram três palestinianos em Gaza

Exército está a reprimir a Marcha do Retorno, que assinala a retirada forçada dos habitantes da Palestina há 70 anos.

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Manifestantes com fumo negro dos pneus, a Leste de Cidade de Gaza Mohammed Salem/REUTERS

Tropas israelitas mataram três manifestantes palestinianos e feriram pelo menos 150, quando pelo menos dez mil pessoas se aglomeram junto à fronteira da Faixa de Gaza com Israel, na segunda sexta-feira da Marcha do Retorno, uma iniciativa de protesto apoiada pelo Hamas que deve durar até 15 de Maio.

Os manifestantes foram mortos por tiros de militares israelitas a Leste da Cidade de Gaza e a Yan Kounis. O balanço de mortos destes protestos sobe assim para 23, contando com os de sexta-feira passada, em que o exército israelita usou tanques e snipers.

Os militares israelitas estão preparados para conter de novo 50 mil manifestantes, e foi mantida a ordem para disparar. “Se houver provocações, haverá uma reacção das mais duras, como aconteceu a semana passada. Não temos a intenção de alterar as instruções de tiro, mantemos a mesma directiva”, tinha dito o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, em declarações à rádio pública.

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O fumo negro protege dos atiradores israelitas MOHAMMED SABER/EPA

Antes, Lieberman tinha recusado prestar-se a uma investigação independente sobre o sucedido na semana passada, apesar de ter sido solicitado a fazê-lo, pela ONU e pela União Europeia.

Os manifestantes palestinianos querem protestar contra o bloqueio a que há mais de uma década Israel sujeita esta região palestiniana. É previsto durar até 15 de Maio porque nesse dia assinala-se a Naqba (o dia em que 750 mil palestinianos foram deslocados das suas terras, em 1948, durante o conflito que levou à criação do Estado de Israel). Um dia antes, Israel vai assinalar os seus 70 anos - e os Estados Unidos devem abrir a sua embaixada em Jerusalém, que o Presidente Donald Trump reconheceu como capital de Israel, apesar de os palestinianos a reivindicarem também como a capital de um futuro país independente.

Muitos dos palestinianos que vêm protestar junto à fronteira são descendentes dos que foram obrigados a deixar as suas terras – e que vivem hoje em Gaza. Grupos grandes de jovens aventuraram-se até muito mais perto da zona de segurança da fronteira, arriscando-se a ser alvejados pelos militares israelitas, descreve a Reuters.

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Fundas tradicionais são usadas contra os soldados israelitas MOHAMMED SABER/EPA

“Israel tirou-nos tudo, a pátria, a liberdade, a liberdade, o futuro”, disse à Reuters Samer, um manifestante de 27 anos, que recusou dar o nome completo, por receio de represálias israelitas. “Tenho dois filhos, um rapaz e uma rapariga. Se morrer, Deus tomará conta deles.”

Há muitas fogueiras de pneus – que produzem um fumo negro, que serve para ocultar os manifestantes, criando uma barreira rudimentar para evitar que os tiros dos soldados israelitas façam feridos – ou matem- civis. O fumo dos pneus a arder é tanto que o protesto foi baptizado “Dia dos Pneus”, diz o jornal Ha’aretz.

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