Legislatura italiana arranca com votos brancos e acusações de traição na direita

Sábado continuam as votações para eleger os líderes do Parlamento. Berlusconi acusa Salvini de romper a coligação e aliar-se ao 5 Estrelas.

Um mural novo nas paredes de Roma: o beijo entre Luigi di Maio e Matteo Salvini
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Um mural novo nas paredes de Roma: o beijo entre Luigi di Maio e Matteo Salvini Massimo Percossi/EPA
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Luigi di Maio, líder do M5S, sorridente na abertura da legislatura Tony Gentile/Reuters
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Salvini senado ao lado do senador da Liga, Gian Marco Centinaio Giuseppe Lami/EPA

As sessões inaugurais das duas câmaras do Parlamento italiano terminaram sem que os partidos conseguissem eleger os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. Nada que não fosse esperado, depois das eleições de 4 de Março, que não deram a nenhum partido ou coligação uma maioria suficiente para governar.

A coligação de direita, que obteve 37% e é agora liderada pela Liga, de Matteo Salvini, que assim retirou pela primeira vez o protagonismo a Silvio Berlusconi e à sua Força Itália, propusera que o partido do ex-primeiro-ministro escolhesse o presidente do Senado, deixando para o Movimento 5 Estrelas (partido individualmente mais votado, com 32%) a liderança da Câmara.

Tudo bem, não fosse o caso de o M5S recusar o candidato proposto por Berlusconi, Paolo Romani, por este ter sido condenado por corrupção – ao mesmo tempo, Berlusconi não só recusa abdicar de Romani como exige que o líder do 5 Estrelas, Luigi di Maio, o receba, o que este rejeita. Faz sentido, para um partido que nasceu para derrubar precisamente Berlusconi e a política do conflito de interesses e dos casos de corrupção que ele representava: “Nós não vamos reabilitar Silvio Berlusconi”, afirmou o deputado do M5S Danilo Toninelli.

Sem acordos, quase todos os 630 membros da Câmara e os 315 senadores começaram por votar em branco. O problema aconteceu quando Salvini decidiu que os senadores da Liga votariam noutro nome do partido de Berlusconi, Anna Maria Berlini, hipótese que chegou a ser debatida nos últimos dias no interior da coligação. Para o M5S (que votou novamente em branco), a senadora é perfeitamente aceitável; Berlusconi é que insiste que o cargo tem de ir para Romani.

“O voto no Senado em Anna Maria Berlini, que foi instrumentalizada, é considerado um acto de hostilidade da Liga que, por um lado, rompe a unidade da coligação de centro-direita, por outro, desmascara o projecto para um governo Liga-M5S”, lê-se num comunicado divulgado pela Força Itália. Ao início da noite, o quartel-general do partido estava reunido em redor do líder, Berlusconi, que não pôde ser candidato devido a uma antiga condenação.

A Liga justificou a decisão como “um acto de responsabilidade” e garante que o parceiro de coligação estava avisado. Sábado se verá como estão os ânimos. Sendo que agora são preciso menos votos, mas as lideranças têm mesmo de ser escolhidas: no Senado, se a maioria não for alcançada à terceira, os senadores terão depois de escolher entre os dois candidatos que recolherem mais votos; na câmara, continua a ser precisa uma maioria de dois terços, mas dos presentes, não dos eleitos.

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