Votar e formar governo, tarefas difíceis para os italianos
As urnas abrem às 7h e encerram às 23h. Quase tudo o resto está por saber.
Quem vota e para quê?
Os 52 milhões de italianos com mais de 18 anos podem votar para renovar o Parlamento (para o Senado é preciso ter 25) e iniciar o processo de formação de um novo governo. As urnas abrem às 7h e encerram às 23h. Teme-se que a abstenção chegue aos 30%.
Como se vota?
Os italianos estão habituados a mudanças mas as impostas pela Rosatellum, como é conhecido o novo sistema, são um desafio ao eleitor mais empenhado. O sistema é misto e junta regras de um sistema eleitoral proporcional com as de um maioritário. “É uma lei para ninguém perder”, diz o politólogo Daniele Albertazzi. “É para o Movimento 5 Estrelas não ganhar”, contrapõe Gianfranco Pasquino (a lei favorece as coligações). Cada eleitor vota uma vez para o Senado, outra para a Câmara dos Deputados: 232 dos 630 membros da Câmara e 116 dos 315 do Senado são eleitos através da escolha de um membro por círculo – cada partido ou coligação nomeou um candidato, ganha o mais votado. Os restantes 398 lugares da Câmara e 199 do Senado são escolhidos de forma proporcional.
Quais são as potenciais confusões?
Muita gente pensa que pode escolher um dirigente diferente da sua lista. Mas o voto é fundido: um voto na lista de um partido conta de forma automática para o candidato apoiado por esse partido nesse círculo (e vice-versa).
Há mínimos para entrar no Parlamento?
Uma coligação precisa de 10% para reclamar lugares, um partido de 3% (integre ou não uma coligação). Nenhuma lista pode ter mais de 60% de candidatos do mesmo sexo.
Quem vai vencer?
“Todos e ninguém”, brinca um observador. As últimas sondagens autorizadas (há 15 dias) davam a coligação de direita, liderada pelo Força Itália, de Silvio Berlusconi, e pela Liga, de Matteo Salvini, à frente, com 36,8% das intenções de voto. Impedido de se apresentar, Berlusconi (o FI tinha 16,5%), escolheu presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, como candidato. Tal como a coligação de direita, a de centro-esquerda inclui quatro formações. Liderada pelo Partido Democrático, de Matteo Renzi, tinha 27,4% nas mesmas sondagens (22,8% eram do PD). Já o M5S chegava aos 28,1%. Entre os partidos pequenos extra-coligações é importante o resultado do Livres e Iguais (dissidentes do PD), que pode juntar forças com qualquer um dos três grandes blocos.
Quantos votos garantem maioria?
Esta é uma das incógnitas: a maioria dos especialistas calcula que com 38 a 40% dos votos se obtenha a maioria nas duas câmaras. Pasquino defende que serão preciso 44% “e ninguém os terá”.
Quais são os cenários possíveis?
Saber quem vai governar deve demorar – nada obriga um partido a permanecer leal à coligação com que se apresentou. O mais provável é que ninguém alcance a maioria e haja novas eleições. Há a possibilidade de uma grande coligação FI-PD e pode ser que a coligação de direita e extrema-direita chegue à maioria. Se não, a Liga pode aliar-se ao 5 Estrelas, um cenário improvável que deixaria Itália entregue a uma mistura explosiva de populismo, xenofobia e anti-europeísmo.