União de freguesias do centro histórico em greve se existir novo atraso salarial

Greve inicialmente marcada devido a atraso salarial de Fevereiro será mantida. Autarca diz que salários de Março serão pagos atempadamente.

Foto
Trabalhadores receberam o salário de Fevereiro em duas prestações Nelson Garrido

Os funcionários da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto farão na próxima segunda-feira uma greve caso os salários do mês de Março não sejam pagos até ao final desta sexta-feira, depois do atraso verificado com os salários de Fevereiro. A paralisação convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionários e Afins (STAL), ocorrerá entre as 9h e as 12h.  

João Avelino do STAL confirma ao PÚBLICO que o pré-aviso de greve foi realizado quando os salários de Fevereiro ainda não tinham sido pagos na totalidade pela união de freguesias. Porém, apesar de entretanto se ter verificado o pagamento dos salários do mês passado, o sindicato decidiu manter a greve como uma forma de “pressionar” António Fonseca a fazer os pagamentos das remunerações de Março sem qualquer atraso. No site do sindicato o texto do anúncio da greve ainda não tinha sido rectificado, mantendo a reivindicação dos trabalhadores em relação aos salários de Fevereiro. Em caso de pagamento dos salários deste mês até ao final de sexta-feira, a greve será desconvocada, confirma o STAL.  

Contactado pelo PÚBLICO, António Fonseca diz que a atitude do sindicato é “incompreensível”, reafirmando que a irregularidade salarial de Fevereiro foi uma excepção e que os salários de Março serão pagos atempadamente. O autarca disse ainda pensar que a paralisação foi politicamente motivada.

Os trabalhadores da união de freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória receberam, no final da passada semana, a segunda metade do salário relativo ao mês de Fevereiro. Na passada sexta-feira, o presidente da união de freguesias do centro histórico do Porto, António Fonseca, deu uma conferência de imprensa para clarificar as questões salariais e dificuldades financeiras da autarquia. O presidente da junta explicou que a razão para esta irregularidade salarial se devia a “um atraso” das verbas provenientes da câmara municipal do Porto para a junta de freguesia, que assumiu algumas das competências municipais. Nessa reunião, o autarca referiu a inevitabilidade de uma reestruturação profunda dos funcionários, cujos salários “representam 78% do orçamento anual da freguesia”, como salientou. Esta reestruturação poderá passar pelo encerramento e despedimento de 25 funcionários de duas creches e três ATL da zona da Sé, Vitória e Torrinha, que acolhem no total 127 crianças.

Toda esta situação motivou, na passada segunda-feira, uma tomada de posição por parte do Bloco de Esquerda que demonstrou preocupação pelo possível encerramento das respostas sociais do centro histórico. No campo político, os bloquistas pediram a responsabilização política de Rui Moreira e exigiram a demissão de António Fonseca, que segundo o BE carece de “competência e sensibilidade pela população” para ser presidente da junta.

Por sua vez, a câmara municipal decidiu afastar-se do assunto, afirmando que “nada tem a ver com a situação financeira da união de freguesias”, garantindo que cumpriu todos os procedimentos e acusando a união de freguesias de ter enviado os relatórios de execução dos contratos “fora de prazo”.

Texto editado por Ana Fernandes

 

Sugerir correcção
Comentar