Desastre de avião na Coreia do Sul faz 179 mortos. Há dois sobreviventes
Únicos dois sobreviventes são elementos da tripulação do voo. Presidente interino da Coreia do Sul decretou sete dias de luto nacional.
Um avião da companhia aérea sul-coreana Jeju Air teve um grave acidente na aterragem na manhã deste domingo, 29 de Dezembro, no aeroporto de Muan, no Sudoeste da Coreia do Sul. A bordo seguiam 181 pessoas e 179 morreram, incluindo cinco crianças, confirmaram as autoridades. Dois tripulantes foram resgatados com vida da cauda do avião, a única parte ainda reconhecível da aeronave.
O Presidente interino do país, Choi Sang-mok, declarou Muan como zona de catástrofe e decretou uma semana de luto nacional, até 4 de Janeiro, prometendo todo o apoio do Governo às famílias das vítimas.
O Boeing 737-800, que transportava 175 passageiros e seis tripulantes, despistou-se pelas 9h deste domingo (meia-noite em Portugal continental) ao aterrar no aeroporto da cidade de Muan, cerca de 290 quilómetros a sudoeste da capital, Seul.
O avião, que tinha partido da capital da Tailândia, Banguecoque, à 1h30 (horário local, 18h30 de dia 28 em Lisboa) colidiu com uma parede de betão e incendiou-se de imediato. Vídeos mostram a aeronave a deslizar na pista, sem que o trem de aterragem seja visível.
As autoridades aeroportuárias disseram que o avião estava a tentar uma aterragem de emergência, após uma primeira tentativa que terá falhado por avaria do trem de aterragem. No entanto, os pilotos não terão conseguido reduzir a velocidade da aeronave já na pista do aeroporto.
O avião ficou “quase completamente destruído”, deixando passageiros e tripulantes com “poucas hipóteses de sobrevivência”, segundo os bombeiros. “O avião está quase totalmente destruído e a identificação dos falecidos está a ser difícil”, acrescentaram. Apenas a cauda do avião se mantém reconhecível, afirmou o comandante dos bombeiros de Muan, Lee Jeong-hyun.
A lista de passageiros incluía 82 homens e 93 mulheres, com idades entre os três e os 78 anos. Cinco das vítimas mortais serão crianças com menos de dez anos. As autoridades acreditam que a grande maioria dos passageiros fosse sul-coreana.
Foi instalada uma morgue de forma temporária no aeroporto, onde muitos sul-coreanos se reuniram à espera de mais informações sobre os seus familiares que deveriam ter desembarcado em Muan na manhã deste domingo. Até ao final do dia, as autoridades do país conseguiram identificar 88 dos 177 corpos encontrados entre escombros.
Quanto aos dois sobreviventes, ambos estão estáveis e a receber tratamento médico. Segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, um dos tripulantes resgatados, de 33 anos, foi transferido para uma unidade de cuidados intensivos em Seul, tendo sofrido múltiplas fracturas. Está acordado e a comunicar, sem sinais de amnésia ou desorientação.
Está em curso a investigação sobre os factores que levaram ao desastre, com as autoridades a considerar a hipótese de uma colisão com aves durante o voo, combinada com falhas mecânicas e técnicas.
A torre de controlo do aeroporto emitiu um aviso relativo a aves no espaço aéreo às 8h54 locais e pouco depois os pilotos declararam mayday, segundo um porta-voz do Ministério dos Transportes da Coreia do Sul. Passados cerca de quatro minutos, tentaram a aterragem.
O Ministério adiantou ainda que as duas caixas negras do avião já foram recuperadas, assim como o gravador de voz da cabine e o gravador de dados de voo.
Em comunicado, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia confirmou a presença de duas cidadãs tailandesas, de 22 e 49 anos, na lista de passageiros do avião e disse estar em diálogo com Seul. O Governo tailandês instou os familiares destas cidadãs a contactar a embaixada em Seul para obter mais informações.
O último grande desastre envolvendo uma companhia aérea da Coreia do Sul tinha acontecido em 1997, quando um avião da Korean Air, modelo Boeing 747-300, se despenhou em Guam, pequena ilha no Pacífico sob jurisdição norte-americana, matando as 228 pessoas a bordo.
Em território sul-coreano, o acidente aéreo mais mortífero até agora tinha sido o de 15 de Abril de 2002, quando um Boeing 767 da Air China vindo de Pequim caiu perto do aeroporto de Gimhae, provocando 129 mortes.
Boeing 737 foi fabricado em 2009
Segundo o Ministério dos Transportes da Coreia do Sul, o Boeing 737-800 que fazia parte da frota da Jeju Air foi construído em 2009, nos Estados Unidos.
O director executivo da Jeju Air, Kim E-bae, já lamentou o acidente e endereçou condolências aos familiares das vítimas, em conferência de imprensa. "A manutenção deste avião foi efectuada de acordo com o programa de manutenção e não havia qualquer sinal de anomalia", assegurou.
Questionado sobre as causas do acidente, Kim E-bae recusou prestar declarações, remetendo para a investigação em curso.
Fundada em 2005, a Jeju Air é uma companhia de baixo custo (low-cost) que opera rotas para a China, Japão, Tailândia e Filipinas, entre outros países do Sudeste asiático, além de voos domésticos.
A fabricante norte-americana Boeing afirmou estar "em contacto com a Jeju Air sobre o voo 2216 e pronta para prestar apoio". "Apresentamos as nossas mais profundas condolências às famílias enlutadas", lê-se no comunicado citado pela Reuters.
O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, também já manifestou pesar pelas "consequências devastadoras" do acidente de avião. "Neste momento de tristeza, o Presidente transmite sentidas condolências e solidariedade aos familiares de todos os que perderam a vida e rápida recuperação dos feridos", lê-se na nota divulgada no site da Presidência. Com Lusa