Forum Cidadania questiona projecto de prédio junto a São Bento
Grupo pede a Rui Moreira que não aprove obras para o local sem um debate público.
O anúncio da aprovação de um projecto de reabilitação urbana para uma ruína junto à estação de São Bento, entre a Avenida da Ponte e a Rua do Loureiro, deixou alarmados os membros do Forum Cidadania Porto, que pedem ao município que não aprove o empreendimento sem um debate público sobre eventuais construções na circundante à gare de comboios.
O projecto, da autoria do atelier Pedra Líquida, e coordenado por Nuno Grande, foi esta semana divulgado pelo BPI, que financia a obra. Trata-se de um empreendimento para 16 apartamentos turísticos que ocupa o lote onde hoje está uma ruína, suportada, em parte, por vigas de ferro. Terá frentes para a Avenida da Ponte e para a Rua do Loureiro e propõe, ainda, uma intervenção de Vhils numa parede cega (sem janelas), mais próxima da estação. Pelo que o PÚBLICO apurou, quer a obra do artista urbano, quer os materiais de revestimento do imóvel ainda estão a ser objecto de análise, mas baseando-se nas imagens virtuais divulgadas, o Forum Cidadania Porto pede que a fachada seja alterada.
Numa mensagem endereçada ao presidente da Câmara do Porto, Alexandre Gamelas, Francisco Queiroz, Malcolm Millais, Nuno Gomes Oliveira, Nuno Quental, Paulo Ferrero e Virgílio Marques pedem que se procure “um melhor enquadramento com o local tendo em conta a proximidade da Estação de São Bento e a localização específica do empreendimento (zona classificada como Património Mundial da Humanidade)”. Os signatários consideram, aliás, que é preciso garantir “a existência de um projecto global para remate do todo da Avenida, integrado harmoniosamente na paisagem urbana circundante”.
Para o Forum Cidadania, este projecto deveria ser “objecto de exposição e debate públicos antes da sua aprovação, evitando-se assim a construção de um edifício sem articulação com o todo e aprovado sem a participação dos cidadãos”. Este grupo de cidadãos de várias áreas profissionais, questiona, por exemplo, o que vai acontecer ao painel publicitário de azulejos da antiga Oliva, que pontua aquela ruina, peça que, na sua perspectiva, deveria ser mantida, em cumprimento da lei que protege este tipo de materiais desde 2017 mas também “tendo em conta não só o seu valor e o afecto que por ele nutrem os portuenses”.
“Recordamos que o painel em causa, apesar de ter sido ali colocado aquando das demolições havidas na década de 40, é uma referência do local, tal como são os painéis publicitários do vizinho edifício de gaveto entre as ruas das Flores e Mouzinho da Silveira "vestir bem e barato só aqui", os quais têm sido mantidos no local apesar da loja que lhes deu origem ter fechado há já bastantes anos”, explicam na carta enviada a Rui Moreira.