Quatro países tentaram influenciar Jared Kushner

EUA interceptaram conversas sobre tentativa de "explorar as fraquezas" do genro de Trump, que viu o seu acesso a informaçao confidencial reduzido.

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Contactos com estrangeiros de Jared Kushner novamente sob escrutínio JAMES LAWLER DUGGAN/Reuters

Responsáveis de pelo menos quatro países discutiram a possibilidade de influenciar o conselheiro presidencial e genro de Donald Trump Jared Kushner, noticia o Washington Post, depois de ter sido revelado que este vai ter o acesso a informação confidencial reduzido.  

A prática de países tentarem encontrar uma espécie de elo mais fraco que possa ser influenciável é recorrente, mas Kushner apresentava uma série de características especiais, segundo as conversas interceptadas pelos americanos de responsáveis dos Emirados Árabes Unidos, China, Israel, e México: “Os seus complexos negócios empresariais, as dificuldades financeiras e a falta de experiência política”.

Em especial destaque nas fraquezas do conselheiro presidencial está um prédio em Nova Iorque que a empresa de Kushner comprou por um preço muito alto antes da crise e para o qual procurava financiadores antes de assumir o seu cargo na Administração Trump (um empréstimo relativo a este negócio expira em Janeiro de 2019: são 1,2 mil milhões de dólares).

Não era claro se algum destes países discutiu apenas a ideia ou se houve alguma acção.

A questão está ligada ao grau de autorização de Kushner para receber informação secreta. Até agora, o genro de Trump tinha o mais alto grau de acesso, a informação altamente confidencial. Agora, tem apenas à confidencial.

O Presidente, Donald Trump, escolheu deixar esta decisão sobre o grau de acesso de Kushner ao seu chefe de gabinete, John Kelly – ainda antes de o FBI concluir a sua avaliação de segurança sobre o genro do Presidente.

Kushner tinha acesso apenas provisório – uma das razões é a investigação do procurador Robert Mueller à interferência russa nas eleições americanas, em que Kushner é uma peça fundamental – mas ao mais alto nível de confidencialidade. Segundo o Politico, Kelly decidiu diminuir o acesso a todos os que tinham autorizações apenas provisórias.

O New York Times diz que o genro do Presidente vinha a pressionar para manter o acesso mais alto, entrando em choque com Kelly. Este, mal entrou na Casa Branca no Verão de 2017, passou a exigir que tanto Kushner como a sua mulher, Ivanka, tivessem de responder a si e não directamente a Trump.

A falta de informação dada por Kushner sobre os seus contactos no estrangeiro já tinha levantado problemas – o conselheiro de segurança nacional de Trump, H. R. McMaster, descobriu contactos de Kushner feitos sem conhecimento do Conselho de Segurança Nacional e dos quais não havia registo, diz o Washington Post

O procurador Mueller alargou a sua investigação aos contactos de Kushner com a Rússia para outros contactos com outros investidores estrangeiros durante a transição presidencial, e pediu os protocolos usados por Kushner nas suas conversas com líderes estrangeiros. 

O papel de Kushner no palco internacional – como, por exemplo, negociador para o Médio Oriente – já vinha a diminuir e a revisão do grau de informação a que tem acesso só o vem sublinhar. A Casa Branca não confirmou a informação, dizendo apenas que “não comenta” quem comenta quem acede a que tipo de informação confidencial.

O advogado de Kushner, e o próprio Kelly (antes de tomar a decisão) disseram que o grau de acesso não terá qualquer efeito no seu papel de negociador. Mas “é evidente que é exactamente isso que vai acontecer”, comentou na CNN Jen Psaki, antiga porta-voz do Departamento de Estado na Administração Obama. Os diplomatas precisam de todas as vantagens que possam ter nestas conversações, e a informação confidencial faz parte integral disso.

O papel de Kushner nas iniciativas nacionais, como a reforma do sistema prisional, não deverão ser afectadas por esta mudança.

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