Folha de S. Paulo deixa de partilhar notícias no Facebook

Responsáveis do diário estão descontentes com alterações ao algoritmo que privilegia os conteúdos pessoais. Na Europa, a TV dinamarquesa Midtvest fez a experiência durante duas semanas.

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Rede social alterou em Janeiro algoritmo que dá prioridade a publicações pessoais Reuters/DADO RUVIC

Esta quinta-feira assinala o dia em que o jornal Folha de S. Paulo deixará de partilhar notícias no Facebook. O diário do Grupo Folha, que detém também o maior portal de língua portuguesa, o UOL (com o qual o PÚBLICO tem uma parceria online) decidiu não publicar mais as suas notícias naquela rede social, respondendo assim à alteração do algoritmo que, desde o início do ano, passou a dar prioridade às publicações de amigos. Os conteúdos partilhados por meios de comunicação social foram relegados para segundo plano. Na Europa, o canal de TV Midtves também enveredou pelo mesmo caminho.

Depois de analisar as mudanças do Facebook, os responsáveis do jornal decidiram manter a página do diário no Facebook, mas deixar de distribuir conteúdo, justificando que “o volume total das interacções obtidas pelos dez maiores jornais brasileiros caiu 32%” nos últimos 12 meses. 

Segundo o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, a alteração do algoritmo visa salvaguardar “os momentos pessoais" que estavam a ser ultrapassados pelas mensagens de empresas, marcas e media. “Nós construímos o Facebook para ajudar pessoas a manterem-se ligadas e a aproximar-nos de quem é mais importante para nós”, escreveu na altura Mark Zuckerberg, aludindo assim às razões que levaram a empresa a mudar o algoritmo. Porém, para os responsáveis da Folha de S. Paulo tal decisão “favorece a criação de uma bolha de opiniões e convicções”, contribuindo para a propagação de fake news (notícias falsas). 

A decisão tomada pelo Folha de S. Paulo não é caso único nos meios de comunicação social. Em jeito de experiência, uma transmissora regional dinamarquesa de serviço público (TV Midtvest) interrompeu, em Janeiro, durante duas semanas, a partilha de conteúdos.

Sem surpresa, o canal registou uma quebra de 27% de visitantes ao site e perdeu 10% em visualizações de páginas. Mas acabaram por perceber que os leitores que não desistiram afinal mantinham-se mais tempo no site. O tráfego tornou-se mais uniforme (sem os picos gerados pelos artigos mais populares no Facebook) e a emissora viu que, além do maior tempo disponibilizado, os leitores acediam a mais conteúdos por visita.

“Foi uma experiência elucidativa”, disse Nadia Nikolajeva, responsável pelo sector digital da emissora dinamarquesa, ao site Digiday. “Esperava uma queda muito maior [de tráfego]”, acrescentou. 

Para completar a experiência, quatro pessoas estiveram também ausentes do Facebook durante as mesmas duas semanas, numa tentativa de perceber como é que as pessoas obtinham notícias, se as redes sociais não fossem uma opção. Findo esse tempo, disseram que se sentiam mais informadas do que antes, porque eram obrigadas a receber as notícias unicamente de fontes credíveis. O único ponto apontado como negativo foi a ausência da interacção com outros utilizadores.

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