A Padaria Portuguesa demarca-se do desperdício alimentar e promete “medidas correctivas”

Fotografia de bolos-reis num caixote do lixo em frente a uma loja de Lisboa gerou críticas. Administração garante que política da empresa, de oferecer as sobras, foi desrespeitada.

Foto
Fábio Augusto

A Padaria Portuguesa volta a estar envolta em polémica. Desta vez, estão em causa fotografias recolhidas em frente a uma das lojas desta cadeia, no Bairro da Graça, em Lisboa, que mostram pelo menos sete bolos-reis em cima da tampa de um caixote do lixo.

As imagens foram partilhadas nas redes sociais e invadiram a página oficial da empresa, especificamente numa publicação em que a equipa dá conta de um “pequeno-almoço solidário”. Subjacente às críticas está a ideia de que os bolos em causa poderiam ter sido oferecidos a quem mais necessita ou a instituições que apoiam cidadãos e famílias com necessidades. O PÚBLICO contactou a empresa e a loja, por telefone e por email, mas até agora não obteve resposta.

 Ainda assim, nas críticas online, a empresa reagiu por escrito a todos os comentários negativos, manifestando assim o seu descontentamento pelo fim dado aos bolos-reis que foram parar ao lixo:

Diariamente oferecemos as sobras de todas as lojas a organizações e associações, nomeadamente a Refood e Comunidade Vida e Paz. Infelizmente, a loja da Graça não aplicou as directrizes que lhes foram transmitidas, pelo que iremos proceder a uma análise interna de forma a apurar responsabilidades e tomar as devidas medidas correctivas.

Horas mais tarde, a empresa reagiu em comunicado partilhado na página de Facebook e pediu desculpa. “Como a todos os portugueses, a imagem choca-nos. Vai contra os princípios pelos quais A Padaria Portuguesa se rege, assim como contra as políticas que implementa. Nomeadamente, no que diz respeito às sobras”, começa por esclarecer a empresa.

“Como os nossos produtos são frescos, do dia, o seu prazo de validade é curto. Daí que, desde o primeiro dia da primeira loja, tenhamos feito questão de assegurar que os produtos que não são vendidos sejam distribuídos pelos nossos trabalhadores, assim como recolhidos por várias instituições que prestam um serviço inestimável de apoio aos mais carenciados da nossa comunidade“, prossegue.

“A situação da Graça foi uma infeliz excepção à nossa política sustentada de partilha das sobras com quem mais precisa e, por esse motivo, está a ser internamente analisada com rigor para percebermos o que falhou e garantir que não volta a suceder.”

Esta não é a primeira vez que a empresa é publicamente criticada pelas suas opções de gestão. Porém, desta vez, a polémica não diz respeito aos direitos dos trabalhadores, como aconteceu nos dois últimos episódios que envolveram o nome da empresa.

A mais recente, em Outubro, dizia respeito às declarações do sócio-gerente d’A Padaria Portuguesa que, numa entrevista ao Dinheiro Vivo, disse que a empresa faz “investimento a sério nas pessoas”, exemplificando: “Uma vez por ano juntamos todos os trabalhadores num arraial de Verão e fechamos as lojas mais cedo. Mensalmente, reunimo-nos com as equipas de gestão de loja, de forma absolutamente informal, fazemos um piquenique no Jardim da Estrela, onde ouvimos inputs sobre o negócio, até mesmo sobre políticas salariais. Cada vez que nasce um bebé, oferecemos um creme e um babygrow e escrevo um postal de aniversário personalizado a cada um dos trabalhadores. Temos estes cuidados”, afirmou. “Isto é o que nos faz ser uma grande empresa. Atender 40 mil pessoas todos os dias com funcionários insatisfeitos não seria possível”, rematou. As declarações foram consideradas ofensivas por várias pessoas.

Já a 25 de Janeiro deste ano, a propósito do salário mínimo e a votação da Taxa Social Única, Nuno Carvalho tinha feito algumas afirmações à SIC Notícias que geraram críticas, depois de revelar que 25% dos colaboradores recebiam o salário mínimo “em regime de transição” e defendeu a maior “flexibilização da contratação, do despedimento e do horário extra de trabalho”.

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