Bitcoin superou os 16 mil dólares, mais 60% numa semana
Há 16,7 milhões de bitcoins no mercado. Em Janeiro, valiam menos de 1000 dólares.
A linha no gráfico sobe, sobe mas quem tem dinheiro fica na dúvida. A cotação da moeda virtual bitcoin atingiu os 16 mil dólares, um novo máximo. A pergunta que paira é qual o dia em que a linha no gráfico cai? Depois de começar a primeira semana de Dezembro a dobrar os 10 mil dólares, a mesma bitcoin tocou, na quinta-feira, a fasquia de 16 mil dólares, ultrapassando essa fasquia ao fim da noite nos EUA, madrugada em Portugal.
Numa semana, a moeda de que todos falam valorizou-se em cerca de 60%. Desde 1 de Janeiro, quando valia menos de mil euros, é um ganho de cerca de 1600%.
Em Setembro, antes desta criptofebre que já fez milionário quem já era milionário (como os irmãos Winklevoss), o presidente-executivo do JP Morgan Chase, Jamie Dimon, apelidou a criptomoeda como uma "fraude".
Outros banqueiros foram menos categóricos até agora. E no caso do Goldman Sachs, uma porta-voz não identificada confirmou, na quinta-feira à noite (madrugada de sexta em Portugal), em declarações à Reuters, que este banco lidará com bitcoins de clientes em determinados negócios financeiros.
A pergunta que todos fazem é qual a trajectória da maior moeda virtual do mundo? E como lidar com as perspectivas de investimento?
"Qualquer activo que sobe quase na vertical deveria tipicamente fazer soar os alarmes dos investidores", comenta Nigel Green, fundador e consultor do DeVere Group (Nova Iorque) e que trabalha com investidores, citado pela Reuters.
Parece que foi ontem que se dobrou a cotação de dez mil dólares. Parece uma piada escrever isto, porque a volatilidade é tal que a cotação pode ser diferente entre o início e o fim deste texto. Aliás, às 5h30 desta sexta-feira a cotação da bitcoin tinha recuado para os 14.500 dólares no mercado asiático.
Uma tendência de volatilidade que se deverá manter, diz a Reuters, porque o mundo aguarda com expectativa o lançamento do primeiro contrato de futuros a envolver bitcoins. O que representa uma entrada nos derivados financeiros, talvez uma "porta para a respeitabilidade" ou a continuação de uma bolha que, no caso dos futuros vai "falhar"?
Um investidor norte-americano, ouvido pela Reuters, admite que a cotação contra o dólar vai continuar a subir. "Poderá tocar nos 20 mil dólares, porque há muito capital a entrar e nesta altura [a bitcoin] é a moeda líquida mais segura", sustenta David Drake, fundador da DLJ Capital, que aconselha investidores.
Até agora, foram libertadas 16,7 milhões de bitcoins. Ao preço de 16 mil dólares cada, o valor do mercado global de bitcoin equivale ao valor de mercado da maior empresa dos EUA (em receita anual), o distribuidor Walmart, que encabeça a famosa lista Fortune 500.
Na quinta-feira, a plataforma Coinbase, o maior mercado digital de compra e venda de bitcoin nos EUA, registou picos de tráfego – e sofreu com isso, como reconheceu no Twitter.
Em 44 horas, o preço da bitcoin saltou 33%, de 12 mil para 16 mil dólares, antes de recuar para os 14.500. Vale a pena recordar Vítor Constâncio, actual vice-presidente do Banco Central Europeu, que alertou em duas entrevistas, no fim de Novembro, para a natureza especulativa da bitcoin como investimento?
O lançamento da bitcoin nos derivados financeiros, como os futuros, acrescenta incerteza, mas também interesse entre investidores que sabem que quanto maior o risco, maior a recompensa.
A contribuir para a especulação está o próprio valor da cotação, que varia em função das fontes consultadas. Na plataforma de transacções GDAX, o valor da bitcoin ultrapassou os 19 mil dólares, na quinta-feira. Estas diferenças decorrem do facto de a bitcoin não estar sujeita a uma autoridade central.