O futuro com armas autónomas: ficção ou realidade?

“Costumávamos dizer que as pessoas matam, não as armas. Bem, as pessoas não matam.” As pessoas falham o alvo, ficam nervosas, têm conflitos éticos, continua a explicar o presidente executivo de uma empresa militar fictícia, representada neste vídeo. Apresenta, muito ao jeito de Steve Jobs, os slaughterbots. Só que estes drones não são tão inofensivos quanto os iPhones. São armas completamente automáticas que transportam três gramas de explosivos, têm sensores e conseguem identificar o alvo através de reconhecimento facial. E não falham. Para quem já viu Black Mirror, a série de ficção científica comprada pela Netflix, estes drones podem funcionar como as abelhas robot do episódio Hated in The Nation, que encontram e reconhecem os alvos através de fotografias no Twitter. 

 

Da apresentação pública das armas até aos primeiros ataques massivos, sem supervisão humana e sem que se descubra o atacante, vão dois minutos de vídeo. O argumento do filme foi criado para uma campanha contra o desenvolvimento de armas autónomas, que conta com o apoio de vários cientistas. O objectivo é alertar a população em geral para “a necessidade urgente da proibição preventiva deste tipo de tecnologia, de modo a prevenir novas armas de destruição maciça”, lê-se no site da iniciativa.

 

O vídeo foi apresentado num evento nas Nações Unidas, onde Stuart Russell, um reconhecido investigador de inteligência artificial da Universidade da Califórnia, disse que o fabrico e uso de armas autónomas como drones, tanques e metralhadoras automáticas seria devastador para a segurança e liberdade da sociedade. “O vídeo não é ficção científica”, avisou. “E a janela para deter o seu desenvolvimento está a fechar-se rapidamente.” A campanha do Future of Life Institute lançou, em Julho, uma carta aberta que já conta com mais de 20 mil assinaturas de investigadores e presidentes executivos, entre os quais Elon Musk e Stephen Hawking.