ÂNIMAS quer debater o futuro dos programas que envolvem animais de ajuda social

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Pela primeira vez, especialistas em educação de cães de assistência e intervenções assistidas por animais — portugueses e espanhóis —, bem como terapeutas, técnicos, educadores caninos e a comunidade de beneficiários desses animais, vão reunir-se num evento que tem como propósito debater projectos, investigações e práticas no âmbito dos animais de ajuda social. A Associação Portuguesa para a Intervenção com Animais de Ajuda Social (ÂNIMAS), organização responsável pela iniciativa, quer “melhorar os serviços prestados aos beneficiários”.

“O congresso surge por sentirmos que há uma necessidade de debate interno com as pessoas que trabalham com cães de assistência e de intervenções assistidas, os beneficiários do apoio destes animais e as próprias universidades, para alinhar posições e encontrarmos melhores formas de agir, sempre com o pensamento no bem-estar das pessoas que necessitam destes animais e dos próprios animais”, explica Abílio Leite, um dos coordenadores do evento, em entrevista ao P3.

O I Congresso Internacional sobre Animais de Ajuda Social quer “levar os participantes a (…) melhorar as práticas diárias que envolvem pessoas e animais”, seja na área da educação ou da saúde. Abílio Leite dá alguns exemplos de aprendizagens que podem ser transmitidas: “Os participantes podem aprender a melhor forma de aumentar os estímulos e a motivação dos miúdos que beneficiem dos cães, por exemplo, nos processos de leitura, ou quais os métodos que melhor se adequam para motivar as pessoas que vivem em lares de idosos, ou até crianças com algum tipo de deficiência, e conseguir que respondam positivamente ao trabalho que os terapeutas pretendem que desenvolvam.”

Um dos temas em debate no evento será a legislação sobre animais de assistência e terapia, um pedido realizado pela ÂNIMAS a 15 de Novembro, para acabar com a proliferação de técnicos sem formação que criam falsas expectativas em cidadãos com deficiência. “Os animais de ajuda social são fantásticos desbloqueadores e motivadores e as suas potencialidades começam a chamar a atenção, mas também há o reverso da medalha", explicou à Lusa o também secretário-geral da ÂNIMAS. "Pessoas sem formação e ética aproveitam-se das necessidades das famílias, dão-lhes esperança e depois vê-se muita situação de 'gato por lebre'."

A associação argumenta que a legislação deve ter em consideração as diferentes categorias de animais de ajuda social, que se subdividem em cães de assistência, de intervenção assistida e de apoio emocional. “Em Portugal, só a Escola de Cães-Guia da Beira Aguieira e a ÂNIMAS é que são reconhecidas a nível internacional no que se refere a cães de assistência, mas, no que respeita às intervenções assistidas [por duplas homem-cão, em acções terapêuticas ou educacionais], como não há qualquer tipo de legislação, qualquer um diz que as sabe realizar”, sublinhou ainda o mesmo responsável, em declarações à Lusa. “É preciso ter noção (…) de que, se o trabalho não for feito de um modo responsável e com ética, as consequências poderão ser desastrosas”, conclui.

Além deste tema, o programa inclui várias sessões temáticas e workshops à escolha, ligando, simultaneamente, as três áreas de actuação da ÂNIMAS – cães de assistência, intervenções assistidas por animais e investigação científica. “A ideia é dividir o evento em duas partes distintas, uma dedicada aos cães de assistência e outra às intervenções assistidas (compostas por programas de terapia, actividades e educação assistida com animais), onde teremos intervenções de especialistas de cada uma das áreas”, contextualiza Abílio Leite.

A iniciativa com mais de duas dezenas de convidados nacionais e internacionais acontece a 25 e 26 de Novembro na Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, em Oliveira de Azeméis, contando já com perto de 80 inscrições por parte de beneficiários, terapeutas, psicólogos, veterinários, gerontologistas, educadores caninos, agrónomos, zootécnicos, docentes de enfermagem e etologia.

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