O segredo para liderar no feminino? Esther Liska ajuda a desvendá-lo

Uma dezena de empresárias reuniu-se, durante quatro dias, para aprender a metodologia Glow: “Mente, corpo e espírito”.

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Esther Liska é a fundadora do Glow Woman Club Paulo Pimenta
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Cerca de uma dezena de gestoras estiveram reunidas em Baião Paulo Pimenta
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Mulheres debatem as diferentes formas de liderança Paulo Pimenta
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Uma boa líder deve usar a sua inteligência corporal, defende a coach Paulo Pimenta

As mulheres continuam a ganhar menos do que os homens e a ter dificuldade em chegar a cargos de gestão. Mas as que conseguem podem ter ajuda de outras através de uma rede de networking e formações da Glow Women Club, uma organização criada por Esther Liska, que defende que as mulheres “não precisam de se masculinizar para serem líderes”, aliás, a associação não é feminista, assegura. Durante quatro dias, uma dezena de gestoras estiveram fechadas num hotel, em Baião, a aprender que devem cuidar do seu interior para serem produtivas.

Os tempos estão a mudar. Mas ainda há muitas mulheres com “sentimento de culpa por deixarem os filhos enquanto estão a trabalhar, que têm receio de falhar e exigem muito de si próprias. E tentam masculinizar-se para se adaptarem quando trabalham com homens”, descreve a mentora do projecto Glow Women Club, especialista em consultadoria. O segredo, desvenda, é encontrar o equilíbrio entre a vida familiar e a profissional, e deixar o seu lado vulnerável, sentimental vir ao de cima.

A especialista, de 42 anos e com um mestrado em Internacional Business e Management, no Reino Unido, tem constatado, durante as muitas sessões de coaching que promove, que há mulheres gestoras que mudam o seu estilo. Pressionadas por um contexto mais masculino, tornam-se mais agressivas, tensas e não mostram os seus sentimentos. Além disso, sentem que têm de dar mais provas do que os homens. “O que constato é que as mulheres têm de se esforçar mais, têm de mostrar mais competências”, corrobora Susana Oliveira, 33 anos, directora financeira de uma empresa na área da construção civil e uma das participantes no evento. Ainda assim, crê que já está a começar a haver alguma mudança, mas que “vai demorar algum tempo”.

No entanto, as mulheres continuam a sentir mais pressão. "Tentamos ser perfeitas, na esfera familiar e na laboral, e depois percebemos que temos de mostrar muito mais valor para termos sucesso”, conta Cláudia Batista, 41 anos, gestora de recursos humanos na área da saúde. Na empresa onde trabalha diz que não há disparidades salariais, contudo um relatório recente da OCDE dá conta de que Portugal está acima da média nas disparidades salariais e que as mulheres ganham menos do que os homens. 

Inteligência corporal

Susana Oliveira e Cláudia Batista fazem parte do grupo de administradoras de empresas, directoras gerais e financeiras, que se juntou a Esther Liska para aprender a trabalhar a sua marca pessoal. Ou seja, para ter uma liderança mais autêntica é preciso que sejam elas próprias, recomenda a coach Esther Liska.

O lado feminino pode ajudar a tornar a organização mais rentável e produtiva, quando a mulher cuida dos outros, defende a venezuelana, filha de pai português e mãe húngara. “Não temos de nos masculinizar para podermos ser líderes”, defende a consultora. Até na forma de negociar, uma mulher pode ser diferente do homem, porque pode ser menos agressiva. No entanto, salvaguarda, nem todos os líderes homens são assim.

Voltada para a plateia de mulheres, a formadora avisa: “Senhoras, se, por exemplo, andam cansadas e dói-vos sempre a cabeça, é porque alguma coisa não está bem e logo não estão a ser produtivas”. Mais, continua: “Não esperem para chegar ao esgotamento”. A solução passa por comunicarem com o corpo, terem tempo para si próprias, cuidarem da imagem corporal, desde os hábitos alimentares ao exercício físico. “O interior tem de estar muito bem alinhado e sabermos quem somos para podermos transmitir essa autenticidade”, defende a mentora da Glow Women Club.

O objectivo é aprender a metodologia Glow: “Mente, corpo e espírito”. Um bom líder deve utilizar a inteligência corporal, defende Esther Liska. Foi o que fez Clara Cruz, 47 anos, administradora de duas empresas do sector alimentar. Começou a tirar tempo para cuidar do seu lado espiritual e físico. Agora já consegue conciliar família, empresa e bem-estar. Perante o olhar das outras mulheres, diz: “Jamais conseguirei ultrapassar problemas e obstáculos se não estiver bem comigo mesma. Só conseguimos ser felizes se conseguirmos ter este equilíbrio.” E acrescenta: “Se eu estiver bem, toda a minha equipa está e sou a sua motivação.” O que vai ao encontro do modelo de liderança total defendido por Liska: “Encontrar valores comuns nos quatro domínios da nossa vida, ou seja, casa, trabalho, social e o eu”.

É diferente liderar no feminino e no masculino? “As mulheres, falo por mim, pensam mais nas decisões que tomam, são mais humanas”, defende Clara Cruz, acrescentando que as mulheres se preocupam mais, enquanto os homens são mais pragmáticos. No entanto, ambos se complementam, considera. 

Já Cláudia Batista sente que “as mulheres são capazes de trabalhar com mais paixão e isso consegue dar mais energia às equipas”. Os homens, acrescenta, “acabam por ser mais directivos, estabelecendo regras de uma forma mais firme”.

Para Esther, a mais-valia destes encontros “é as mulheres tomarem consciência de todos os recursos interiores que não estão a usar. Ter tempo para parar e reflectir”. Nesta terceira edição, espera que aconteçam algumas mudanças, como já sucedeu com uma das participantes do ano anterior que criou a sua própria empresa. O trabalho não termina ao final dos quatro dias. Dentro de um mês, a formadora tem uma sessão de coach individual com cada uma das participantes para acompanhar os seus planos de acção.

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