Em três dias, quase uma dezena de empresas tirou a sede fiscal da Catalunha

Êxodo pode significar um duro golpe para a receita dos impostos e para as finanças da região.

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A sede da Freixenet em Sant Sadurni Anoia; por enquanto, a sede fiscal fica em Barcelona LUSA/SUSANNA SAEZ

Metade das receitas dos impostos e do IVA cobrados na Catalunha é devolvida à região de 7,5 milhões de pessoas, cabendo ao governo de Madrid a decisão de como gastar o resto, explica a agência Reuters. O mesmo acontece com os impostos pagos pelas empresas. A Catalunha recebe 58% das receitas de uma série de impostos ali colectados, incluindo o álcool e os combustíveis. O fisco catalão também recolhe alguns impostos sobre a saúde, heranças, jogos e transportes e fica com toda a receita.

A Catalunha, que tem 16% da população espanhola de 47 milhões de pessoas, queixa-se desta redistribuição, diz a Reuters. Anualmente, paga dez mil milhões de euros a mais em impostos a Madrid do que aquilo que recebe de volta, o que equivale a cerca de 5% do PIB regional, segundo as Finanças espanholas.

O êxodo de empresas, que estão a mudar as suas sedes fiscais, pode significar um duro golpe para as finanças da região. Em três dias, quase uma dezena de empresas anunciaram que vão passar as suas sedes fiscais para outras cidades, fora da Catalunha:

— A biofarmacêutica Oryzon Genomics foi a primeira, vai passar a sua sede fiscal de Cornellà de Llobregat (Barcelona) para Madrid

— Eurona, empresa de telecomunicação, passa para Madrid

— A rede de clínicas dentárias Proclinic, de L’Hospitalet para Zaragoza

— Banco Sabadell passa para Alicante

CaixaBank vai para Valência

— Fundación La Caixa (do CaixaBank) e Criteria, a holding empresarial da La Caixa, instalam-se em Palma de Maiorca

— A Sociedad General Aguas de Barcelona (SGAB) instala a sede fiscal em Madrid

— Banco Mediolanum passa para Valência

— A empresa Gas Natural Fenosa anunciou que muda a sede fiscal “temporariamente”

— A empresa de textéis Dogi, que factura 33 milhões de euros, passa de El Mansou para Madrid 

— A Service Point, empresa de serviços de reprografia com vendas de nove milhões de euros no ano passado, anunciou a saída

Algumas empresas ponderaram sair mas decidiram manter a sede fiscal na Catalunha: a Codorníu e a Freixenet (que produzem cava, o vinho espumante da Catalunha) disseram que ficam se não for proclamada a independência; e a seguradora Catalana Occidente. 

Outras empresas, diz o La Vanguardia, não discutiram a questão: a SEAT, que fez saber que a mudança de sede era “um rumor”, a Abertis (gestão de infra-estruturas), Pronovias (moda de noivas), Lidl (retalho alimentar), Mango (roupa), Cellnex (telecomunicações) e Miquel y Costas (fabricantes de papel). 

Outras grandes empresas da Catalunha ainda não se manifestaram: Ercros (indústria química e de plásticos), Nestlé (alimentação), Esteve (farmacêutica), Indukern (distribuidora internacional de produtos farmacêuticos) e Desigual (roupa).

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