E se os faroleiros e pescadores forem às escolas dar uma aula?

O Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viana do Castelo apresentou quatro projectos educativos para este ano lectivo. Um deles, o "Além-Mar", quer fazer a ponte entre a comunidade e transmitir as "tradições das gentes marítimas” aos estudantes mais novos.

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Os dois mais recentes projectos abrangem cerca de 170 alunos Martin Henrik

Visitar docas, descobrir faróis ou ouvir pescadores falar sobre o ofício. São apenas algumas das actividades que o projecto “Além-Mar”, introduzido pela primeira vez este ano lectivo pelo Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA), vai promover junto dos alunos do pré-escolar e do 1º ciclo de Viana do Castelo. O principal objectivo é dar aos mais pequenos a oportunidade de conhecer os cantos a Viana e descodificar o ambiente que os rodeia.

Neste ano lectivo, o CMIA vai iniciar dois projectos-piloto com ambições distintas. O “Álem-Mar”, para fazer a ponte entre os estudantes e a comunidade, e o “Cientista do Mar”, direccionado para alunos do ensino secundário e que quer incentivar projectos de investigação na área dos ciências do mar. Neste primeiro ano, os dois projectos vão abranger cerca 170 alunos das escolas de Viana do Castelo e vão fazer companhia aos já existentes “Escola da Natureza-Ciência em Rede” e “Da terra para a Terra”. Ao todo, são cerca de 1700 alunos abrangidos pelas quatro iniciativas.

As turmas inscritas no projecto “Além-Mar” vão ter a possibilidade de sair à rua para conhecer as tradições e a identidade de uma região que nunca olhou para o mar com desconfiança, aproveitando para transmitir as “tradições das gentes marítimas” desde a freguesia de Afife até Castelo de Neiva, percorrendo a costa litoral do concelho de Viana do Castelo. 

“O projecto vai incidir sobre vários lugares e vamos levar a vivência das pessoas aos alunos. Vão visitar diferentes locais. Podem, por exemplo, visitar um farol ou saber mais acerca do trabalho de um faroleiro”, adianta o CMIA. Cada turma abrangida pela iniciativa vai realizar uma visita de estudo, mas há espaço para actividades complementares. É que se as escolas vão à rua para conhecer os faroleiros e pescadores, também há a possibilidade de faroleiros ou pescadores irem à sala de aula dar aos alunos uma aula diferente. 

As actividades de cada projecto ficam a cargo dos professores e de técnicos do Centro do Mar, no Navio Gil Eanes. No caso do “Além-Mar”, o técnico vai ter o importante papel de facilitar e intermediar a comunicação entre as escolas e a comunidade.  

Pesca, trajes e sargaço

Nem sempre se vai andar cá fora. Nas salas de aula, os alunos do pré-escolar e 1º ciclo vão abordar três temas, um por cada período lectivo. O mar anda sempre por lá. Os trabalhos a realizar durante o primeiro período vão ter a pesca como inspiração. “Os alunos vão conhecer embarcações e, depois de escolher a que gostam mais, fazem uma versão em miniatura”, conta o CMIA. 

No segundo período, os alunos vão ficar a conhecer a ligação da agricultura com o mar e as actividades agro-marítimas bem patentes na história da região, através de “entrevistas a gentes do mar” e uma incursão pelo papel do sargaço nas comunidades de Viana do Castelo. Por último, o terceiro período vai debruçar-se sobre os trajes e as devoções vianenses, a ligação a Nossa Senhora da Agonia, a padroeira dos pescadores vai estar sempre presente. Os alunos vão fazer um boneco com “trajes alusivos à tradição do mar”.

Texto editado por Ana Fernandes     

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