Facebook quer rentabilizar WhatsApp com versão para empresas

Bancos, transportadoras aéreas e sites de vendas online poderão contactar e enviar notificações a utilizadores.

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O WhatsApp ronda os mil milhões de utilizadores diários Thomas White/Reuters

Em 2014, o Facebook decidiu pagar 19 mil milhões de dólares pelo WhatsApp, uma aplicação de mensagens que não tinha qualquer fonte de receita, nem planos conhecidos para um modelo de negócio. Agora, a empresa começa a pensar em rentabilizar o investimento, não com publicidade, como acontece na rede social, mas antes com funcionalidades dirigidas a empresas e que lhes serão cobradas no futuro.

A versão do WhatsApp para empresas que o Facebook, que está ainda a ser testada, permitirá que estas tenham um perfil verificado (garantindo assim que uma conta pertence de facto à empresa que diz representar) e que enviem notificações a utilizadores, como a confirmação de entregas de encomendas ou o horário de um voo. Haverá uma aplicação destinada a pequenos negócios e uma solução para grandes empresas, como companhias de aviação, sites de vendas online e bancos, explicou a empresa numa nota (a transportadora aérea KLM, dos Países Baixos, é uma das empresas que está a testar o novo serviço). Estes contactos terão de ser primeiro autorizados pelos utilizadores. 

A novidade é uma boa notícia para os mais de mil milhões de utilizadores diários em todo o mundo, uma vez que a empresa não anunciou quaisquer planos para incluir anúncios na aplicação, nem para cobrar funcionalidades aos utilizadores finais. 

A estratégia de ser uma ferramenta de comunicação entre empresas e clientes – um tipo produto que é vendido por várias companhias especializadas – não é nova para o Facebook, que tem vindo a lançar várias funcionalidades deste género, incluindo a possibilidade de as empresas criarem programas de conversação para interagirem automaticamente com utilizadores no Facebook Messenger. O argumento do Facebook tem sido o de que plataformas como o Messenger e, agora, o WhatsApp são muito mais adequadas para a interacção com clientes do que o email ou telefone, em parte porque as empresas conseguem assim ter acesso a vários dados sobre as pessoas com quem estão a falar. 

“Queremos lançar as bases para permitir às pessoas enviar uma mensagem a empresas e para estas lhes darem as repostas que elas querem”, resumiu o director de operações do WhatsApp, Matt Idema, numa entrevista ao Wall Street Journal. “Temos intenções de cobrar às empresas no futuro”, adiantou, notando, contudo, que os planos para isto ainda não estão inteiramente estabelecidos.

Em traços largos, a estratégia já tinha sido antecipada por Mark Zuckerberg, na conferência de apresentação de resultados trimestrais, em Março. “A primeira coisa que precisamos de fazer no Messenger e no WhatsApp é conseguir que muitas empresas os usem organicamente desenvolver o comportamento das pessoas para que contactem empresas para diferentes fins, como apoio ao cliente ou para receberem notícias”, explicou na altura o presidente executivo do Facebook.

Quando o negócio da compra do WhatsApp foi anunciado, em Fevereiro de 2014, suscitou espanto pelo montante acordado para a aquisição de uma empresa que não tinha sequer um plano de negócios. Desde então, a empresa tem-se concentrado em aumentar o número de utilizadores,  em parte com uma estratégia que passa por imitar funcionalidades do rival Snapchat. Na altura, o WhatsApp era usado por 450 milhões de pessoas pelo menos uma vez por mês. Hoje, são cerca de 1,3 mil milhões.

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