Filipinas: sete mil mortos na “guerra às drogas” de Duterte

Chove torrencialmente sobre o corpo de Romeo Torres Fontanilla, 37, que foi assassinado por dois atiradores não identificados
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Chove torrencialmente sobre o corpo de Romeo Torres Fontanilla, 37, que foi assassinado por dois atiradores não identificados

ATENÇÃO: esta fotogaleria contém imagens que podem ser consideradas chocantes.


Não é necessária prova de culpa, não é necessário um julgamento ou condenação oficial. Aos olhos da lei, nas Filipinas, o extermínio de toxicodependentes ou narcotraficantes é encarado como um dever cívico, é mesmo encorajado pelo governo e autoridades policiais. "Se conhecem algum toxicodependente, matem-no vocês mesmos, porque ser o país a fazê-lo seria muito doloroso” são palavras de Rodrigo Duterte que datam de 1 de Julho de 2016, dia em que tomou posse como presidente das Filipinas. Desde então, segundo dados da Human Rights Watch, cerca de sete mil pessoas foram assassinadas em nome da "guerra às drogas": 2.500 pessoas por membros das forças policiais, mais de 3.500 por iniciativa civil. Grupos civis armados tomam a liberdade de "livrar" as ruas de Manila do flagelo do comércio e consumo de drogas, paradoxalmente em nome da segurança do país. O número de trinta mortos por mês não intimida Duterte. "Façam um trabalho limpo", aconselha a quem quiser contribuir. "Não deixem vestígio dos corpos." Se existisse esse cuidado por parte dos homicidas, o trabalho fotográfico do australiano Daniel Behehulak não teria conteúdo explícito; They Are Slaughtering Us Like Animals é o nome do projecto que desenvolveu em 2016 e que foi premiado pela edição de 2017 do World Press Photo, na categoria de "General News".

 

Este trabalho, em conjunto com muitos outros que se distinguiram no panorama fotojornalístico mundial, será projectado no dia 19 de Agosto — o Dia Mundial da Fotografia — no Centro Cultural de Paredes de Coura ao abrigo de uma iniciativa promovida pela associação Estação Imagem, que tem como objectivo exaltar o papel do fotojornalismo no contexto da comunicação social contemporânea. Em paralelo, estarão em exposição os projectos vencedores do Prémio Estação Imagem de 2017, entre os quais se distinguem os do fotojornalista do Público Paulo Pimenta e dos fotojornalistas freelancer João Pina, João Ferreira, anteriormente publicados no Público e P3.

 

 

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Um crime é sempre ouvido antes de ser visto. Tiros e gritos de uma nova viúva antecedem a imagem
Jimji tem seis anos e chora a morte do pai, que foi assassinado
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Muitos corpos, à semelhança do que aparece nas imagens, são encontrados com as mãos atadas e a cabeça coberta com fita adesiva
Nellie Diaz, mãe de nove, chora a morte do marido, Crisostomo, toxicodependente
Polícia filipina durante um
Erika Angel Fernandez, 17, e o namorado, Jericho Camitan, de 21 anos, foram mortos em simultâneo
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