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Kraftwerk: os robôs somos nós
Os Kraftwerk começaram a projectar slides em alguns concertos em 1975. Meia dúzia de anos depois, acompanhavam alguns temas em palco com videoclipes (quatro monitores encomendados especialmente à Sony que usaram até 2002, altura em que os substituíram por uma tela gigante e vídeoprojecções).
Os Krakfwerk usaram tecnologia 3D pela primeira vez no dia 25 de Abril de 2009. Os Kraftwerk nunca foram substituídos em palco por bonecos.
Os Kraftwerk cantam (e as suas vozes são moduladas através de um vocoder). Os Kraftwerk tocam. Os Kraftwerk não são robôs. Os Kraftwerk não são robôs. Os Kraftwerk não são...
Os robôs somos nós. Estamos a recarregar baterias. E agora estamos cheios de energia. Estamos a funcionar de uma forma automática. E estamos a dançar de uma forma mecânica.
Quando o O.V.N.I. Kraftwerk pairou sobre Santa Luzia e aterrou no Festival Neopop (aconteceu mesmo, todos nós o vimos com estes óculos 3D que a terra há-de comer), já estávamos ligados à corrente, décadas de música electrónica no passado, longas horas de música electrónica pela frente.
Os Kraftwerk são responsáveis por uma grande parte disso, pelas primeiras impressões digitais encontradas, pelas inovações tecnológicas no som, na imagem e no design, pelas mensagens subliminares e pelas mensagens escancaradas em neons que penetram no nosso cérebro: desde a era atómica até Fukushima, desde Chernobil às gruas gigantes petrificadas dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, desde Tour de France à Ponte Eiffel (perdão, Torre Eiffel).
Os Krafwerk usaram a combinação certa (memorizaram-na como um código computadorizado), abriram o cofre e apresentaram o seu catálogo mais valioso. Descodifica-os parte da plateia Neopop. A outra ignora a história. Ligada à tomada, numa reacção em cadeia, numa espécie de mutação, alimenta-se de pura vibração. Energia absoluta. Evolução?
Texto: Luís Octávio Costa