Coreia do Norte ameaça afundar porta-aviões norte-americano

Trump vai falar este domingo com Xi Jinping e Shinzo Abe. A Marinha norte-americana iniciou manobras militares conjuntas com as forças japonesas, arriscando um reacendimento da tensão na península coreana.

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O esquadrão norte-americano liderado pelo porta-aviões Carl Vinson EPA/US DEPARTMENT OF DEFENSE HANDOUT

Depois de dias em que reinou a confusão, percebeu-se, finalmente, qual era o propósito do contingente naval liderado pelo porta-aviões dos EUA, o USS Carl Vinson, que há cerca de duas semanas foi desviado da rota que tinha como destino a Austrália. A esquadra vai juntou-se este domingo a navios japoneses para exercícios militares na zona mais quente do planeta actualmente.

Num primeiro momento, foi sugerido pelo Pentágono que o porta-aviões se iria dirigir para as imediações da península coreana, como forma de dissuadir o regime de Pyongyang de realizar um ensaio nuclear para assinalar o 105.º aniversário do fundador da República Popular, Kim Il-sung.

Porém, imagens reveladas na quarta-feira mostraram o Carl Vinson a navegar no mar das Filipinas, a mais de três mil quilómetros da Coreia do Norte, causando mal-estar entre os aliados dos EUA na região, o Japão e a Coreia do Sul. Segundo o New York Times, por trás das declarações contraditórias esteve uma falha de comunicação

Depois de se instalar alguma incerteza quanto ao destino final da “armada”, como lhe chamou o Presidente Donald Trump, o vice-Presidente, Mike Pence, esclareceu este sábado que o porta-aviões chegaria “dentro de alguns dias” às proximidades da península coreana.

Este domingo, dois navios de guerra japoneses juntaram-se ao Carl Vinson para iniciarem manobras militares conjuntas no Pacífico Ocidental. A imprensa sul-coreana diz que o contingente da Marinha dos EUA pode chegar ao Mar do Japão a 25 de Abril – a data em que é assinalado o aniversário da fundação do Exército do Povo e que pode ser usada por Pyongyang para fazer alguma demonstração de poderio militar.

A Coreia do Norte garantiu estar preparada para responder ao que entende ser uma provocação dos seus rivais. “As nossas forças revolucionárias estão preparadas militarmente para afundar o porta-aviões nuclear dos EUA com apenas um ataque”, escreveu o Rodong Sinmun, o jornal oficial do Partido dos Trabalhadores da Coreia. Atacar o Carl Vinson seria “um bom exemplo para mostrar a nossa força militar”, acrescenta o mesmo comentário, citado pela Reuters.

Trump anunciou que falará ainda este domingo à noite com o Presidente da China, Xi Jinping, e com  o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

Detido norte-americano

Nas últimas semanas, a tensão entre os EUA e a Coreia do Norte atingiu novos níveis, com a Administração Trump a dar como terminada a “paciência estratégica” em relação à ameaça nuclear colocada pelo regime liderado por Kim Jong-un. Este domingo foi detido no aeroporto de Pyongyang um cidadão com nacionalidade norte-americana, segundo a agência sul-coreana Yonhap.

O homem, identificado apenas como Kim, era um antigo professor numa universidade chinesa e encontrava-se há um mês na Coreia do Norte, onde teria trabalhado junto de organizações humanitárias.

Nos últimos dois anos, o regime norte-coreano deteve outros dois cidadãos norte-americanos e condenou-os a trabalhos forçados, depois de os acusar de espionagem. Em Janeiro do ano passado, um estudante de 21 anos foi detido quando estava a tentar roubar uma faixa propagandística num hotel, acabando por ser condenado a 15 anos de trabalhos forçados. Há cerca de um ano, Kim Dong-chul, um sul-coreano naturalizado americano foi também condenado a dez anos, sob acusações de espionagem.

Entretanto, a China – o principal aliado do regime norte-coreano e considerado por Washington como crucial para conter as ambições nucleares de Kim – tem tentado apelar à calma entre as duas partes. “Precisamos de emitir sons pacíficos e racionais”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, durante uma visita à Grécia.

A estratégia de Trump parece incidir sobretudo na influência que Washington acredita que a China tem sobre a Coreia do Norte, no sentido de intensificar as sanções económicas aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU. Depois de ter acusado Pequim de práticas “desonestas” no âmbito do comércio internacional e da política monetária, Trump tem dado sinais de parecer disposto a suavizar essas posições, em troca de maior cooperação em relação a Pyongyang.

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