É raro ser simples
A simplicidade, só por si, não nos diz nada. É um erro procurá-la só porque a nossa preguiça e pressa já nos predispõem para ela.
Ninguém sabe ao certo se Einstein alguma vez disse que “tudo deveria ser o mais simples possível – mas não mais simples do que isso.”
A frase não é um elogio da simplicidade. A simplicidade, só por si, não nos diz nada. É um erro procurá-la só porque a nossa preguiça e pressa já nos predispõem para ela.
No frenesi da Internet há pessoas que se divertem a fingir que conseguem explicar coisas complicadas em 60 segundos ou em 12 frases curtas. Só quando percebemos do assunto é que vemos quando alguém está a fingir que percebe.
Quando gostamos muito de uma coisa – pode ser bridge, química, filosofia moral – apetece-nos continuar a estudá-la até mais não. Geralmente quanto mais sabemos sobre uma coisa melhor ideia temos do pouco que sabemos (ou podemos saber) sobre ela. Esta tomada de consciência, que é mais alegre do que triste, não é parecida com a ignorância. Uma coisa é o sábio que se recusa a responder a uma pergunta porque ela é difícil demais; outra é o silêncio de quem não faz a mais pequena ideia.
A frase de Einstein revela impaciência. É o que se responde a alguém que quer obter, de uma maneira fácil e rápida, aquilo que levou muito tempo e muito trabalho a estudar. Revela também agressividade: a agressividade da pessoa inteligente que é chateada no sentido de usar essa inteligência para simplificar coisas naturalmente difíceis, de maneira a poderem ser entendidas por pessoas apressadas mas gananciosas a quem convém apresentarem-se como um bocadinho estúpidas e ignorantes.