Um pianista 20 dias numa casa de cortiça, na Gulbenkian
Em “Nowhere”, Marino Formenti toca, dorme e come durante 20 dias, continuamente, numa casa temporária aberta ao público, desejando “desaparecer” através da música
O pianista Marino Formenti vai tocar durante 20 dias na casa de cortiça de Ricardo Jacinto instalada na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
O concerto, que começou no dia 9 de Abril, dura até 29 deste mês e está integrado na BOCA - Biennial of Contemporary Arts. O público pode assistir ao(s) concerto(s) entre as 10h e as 20h.
Em Nowhere, Formenti vai tocar desde o barroco ao contemporâneo: John Cage, Morton Feldman, Erik Satie, Brian Ero, Jean-Henri d’Anglebert, Gaspard le Roux e Bjork. O público é convidado a entrar e sair livremente, a voltar, a ouvir música ao vivo.
O concerto-performance dura 20 dias. Nesse tempo, o artista vai tocar para o público no mesmo sítio onde dorme, come e vive. Na página do BoCA vai ser transmitido um streaming 24 horas por dia, durante os 20 dias da performance.
Em “Nowhere”, Marino Formenti toca, dorme e come durante várias semanas, continuamente, numa casa temporária aberta ao público, desejando “desaparecer” através da música.
Formenti já teve menções positivas no Los Angeles Times e foi premiado, em 2009, com o Belmont Prize de música contemporânea, pela Forberg-Schneider Foundation.
A Casa de Cortiça
A Casa de Cortiça, criada por Ricardo Jacinto, “surge de um convite para desenhar uma habitação temporária para performance do pianista Marino Formenti”, explica o criador.
É um elemento central da performance e está instalado no anfiteatro ao ar livre da Fundação Calouste Gulbenkian. Para a sua construção, utilizaram-se 300 blocos de cortiça portuguesa produzidos pela Corticeira Amorim.
Ricardo Jacinto, artista plástico e músico, mantém uma actividade regular na área da música experimental e improvisada. Na idealização da obra, concentrou-se principalmente na relação entre som e espaço – “as propriedades acústicas e térmicas da cortiça foram determinantes para a sua escolha”, explica.