Mongólia, um país coberto pelo fumo das chaminés

Nuvem de fumo de centrais eléctricas em Ulaanbaatar, Mongólia Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
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Nuvem de fumo de centrais eléctricas em Ulaanbaatar, Mongólia Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH

São raras as manhãs em que Setevdorj Myagmartsogt acorda sem um manto de poluição a cobrir o bairro onde vive. Em Ulaanbaatar, capital da Mongólia, a qualidade do ar está entre uma das piores do mundo, conseguindo ultrapassar por vezes o smog avassalador de Pequim.

“A nossa saúde está a piorar devido à poluição atmosférica”, contou Myagmartsogt à Reuters. “Quando os meus dois filhos mais novos vão para o infantário, eles ficam doentes e de semana em semana têm de ficar em casa. É por causa da poluição atmosférica”. Centenas de pessoas reuniram-se no centro da cidade, em Chinggis Square, para se manifestarem contra a ineficiência e incapacidade do governo em combater os graves níveis de smog. “A poluição atmosférica teve consequências reais na minha vida”, contou Otgontuya Baldandorj, uma das manifestantes. “Estive grávida três vezes, mas acabei por perder sempre o bebé. Quando fiquei grávida do quarto filho, tive de me mudar para o campo para poder ter ar puro e dar à luz”.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o nível aceitável de emissões de partículas nocivas está entre os 20 e 25 microgramas por metro cúbico. No último mês, a capital mongol atingiu os 855 microgramas, enquanto que Pequim tinha atingido os 70 microgramas. Segundo o director do Instituto de Saúde Pública da Mongólia, Tsogtbaatar Byamba, cerca de 80% do smog da cidade provém dos bairros “ger” - uma extensão de tendas tradicionais que surgiram na periferia da cidade. Grande parte dos seus moradores são ex-pastores que migraram para a cidade, depois do seu gado ter sido exterminado pelos Invernos agrestes, cada vez mais comuns em parte devido às mudanças climáticas. Com as temperaturas a rondar os 40 graus negativos, os residentes não tendo acesso à rede de aquecimento do Estado, têm de queimar tudo o que podem para se aquecer, seja carvão, madeira ou até lixo.

No mês passado, o governo reforçou as restrições aos migrantes para a capital, permitindo apenas a entrada de quem precisa de ajuda a longo prazo ou de quem ocupe uma casa até ao final do ano.

Mas, mesmo com a implementação desta medida, a poluição continua.

Uma mulher usa uma máscara ao passar por uma zona industrial,
Uma mulher usa uma máscara ao passar por uma zona industrial, Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Homens reúnem-se numa zona industrial
Homens reúnem-se numa zona industrial Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Um trabalhador faz uma pausa no exterior de uma mina de carvão
Um trabalhador faz uma pausa no exterior de uma mina de carvão Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Os trabalhadores da mina de carvão de Nalaikh, fora da capital da Mongólia, vão até 60 metros de profundidade para extrair o carvão
Os trabalhadores da mina de carvão de Nalaikh, fora da capital da Mongólia, vão até 60 metros de profundidade para extrair o carvão Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Pessoas esperam pelo autocarro
Pessoas esperam pelo autocarro Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Manifestação contra a elevada poluição atmosférica na capital
Manifestação contra a elevada poluição atmosférica na capital Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
“Estive grávida três vezes, mas acabei por perder sempre o bebé. Quando fiquei grávida do quarto filho, tive de me mudar para o campo para poder ter ar fresco e dar à luz”, disse Otgontuya Baldandorj
“Estive grávida três vezes, mas acabei por perder sempre o bebé. Quando fiquei grávida do quarto filho, tive de me mudar para o campo para poder ter ar fresco e dar à luz”, disse Otgontuya Baldandorj Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Setevdorj Myagmartsogt vive num bairro "ger" - uma extensão de tendas tradicionais que surgiram na periferia da cidade
Setevdorj Myagmartsogt vive num bairro "ger" - uma extensão de tendas tradicionais que surgiram na periferia da cidade Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Myagmartsogt  aquece as mãos no seu novo aquecimento a carvão
Myagmartsogt aquece as mãos no seu novo aquecimento a carvão Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
“A nossa saúde está a piorar devido à poluição atmosférica”, disse Myagmartsogt à Reuters. “Quando os meus dois filhos mais novos vão para o infantário, eles ficam doentes e de semana em semana têm de ficar em casa"
“A nossa saúde está a piorar devido à poluição atmosférica”, disse Myagmartsogt à Reuters. “Quando os meus dois filhos mais novos vão para o infantário, eles ficam doentes e de semana em semana têm de ficar em casa" Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Nas ruas da capital mongol, um homem vende sacos de carvão e madeira
Nas ruas da capital mongol, um homem vende sacos de carvão e madeira Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Sacos de carvão e madeira à venda
Sacos de carvão e madeira à venda Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Nuvem de fumo de uma central eléctrica em Ulaanbaatar, Mongólia
Nuvem de fumo de uma central eléctrica em Ulaanbaatar, Mongólia Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Bairro "ger" em Ulaanbaatar, Mongólia
Bairro "ger" em Ulaanbaatar, Mongólia Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH
Reuters/RENTSENDORJ BAZARSUKH