Nicolai Gedda foi um milagre do canto. Este cantor sueco de origem russa foi um maravilhoso tenor lírico, de uma imensa beleza de linha no canto e sobretudo um extraordinário poliglota, que cantava fluentemente em alemão, italiano e francês, além das suas línguas maternas, o sueco e o russo.
O sueco Gedda foi um dos maiores ‘tenores franceses’, incomparável Hoffmann nos Contos de Hoffmann, de Offenbach, Fausto na ópera homónima de Gounod e na Danação de Fausto de Berlioz, e também um célebre Don José na Carmen de Bizet, papel em que, aliás, foi um partenaire na gravação discográfica de Maria Callas. Mas como esquecer os seus maravilhosos Rudolfo na La Bohème de Puccini, o compositor em Capriccio de Richard Strauss? Ou, porventura ainda mais, os seus dois grandes papéis mozartianos: o Belmonte de O Rapto no Serralho, e Tamino na Flauta Mágica, aliás preservados em gravações que permanecem de referência?
Se Nicolai Gedda foi adulado pelo público francês, não menos o foi pelos públicos alemão e austríaco sobretudo enquanto intérprete de opereta. E, como se não bastasse a sua versatilidade, teve uma carreira de prodigiosa longevidade: era já um dos grandes do canto nos anos 50 e apenas deixou de cantar em público aos 80 anos, já no princípio do século XXI, em 2005.