Pompidou, 40 anos a dizer presente

Até ao início de 2018, mais de 40 localidades (dentro e fora do território de França) receberão todo o tipo de manifestações artísticas ligadas à arte contemporânea.

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A construção do Centro Georges-Pompidou no coração do Marais DR
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Desde que foi inaugurado, em 1977, o centro já recebeu mais de 102 milhões de visitantes DR

O Centro Pompidou de Paris está a comemorar 40 anos (acabadinhos de fazer esta semana, a 31 de Janeiro). E na senda da descentralização que tem marcado a sua actuação na última meia dúzia de anos, a festa está longe de se concentrar na capital. Até ao início de 2018, mais de 40 localidades (dentro e fora do território de França) receberão todo o tipo de manifestações artísticas ligadas à arte contemporânea. Para celebrar o “espírito Pompidou”, haverá mais de 50 exposições e 15 espectáculos, concertos e performances.

Esta festa (muito) alargada representa, de certo modo, o corolário de um programa de expansão que começou com mais intensidade em 2010, quando foi inaugurada a primeira “antena” Pompidou em Metz. No ano seguinte, o centro de artes pôs no terreno um museu itinerante que já passou por seis localidades francesas, entre as quais Chaumont, Cambrai e Boulogne-sur-Mer. No primeiro passo além-fronteiras, em 2015 foi inaugurado em Málaga, Espanha, o primeiro “Centro Pompidou Provisório”. E em 2020, será a vez de Bruxelas receber um satélite do Pompidou. Agora, no ano em que assinala a “idade da sabedoria e da acção”, o espaço que abriga uma das mais importantes colecções de arte contemporânea do mundo volta a ensaiar uma política abrangente.

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Tentando fugir à auto-celebração, Serge Lasvignes, presidente do Centro Pompidou, promete um aniversário “descentralizado, uma festa da criação artística por toda a França”. “O espírito do 40.º aniversário, em colaboração com as instituições culturais regionais, propõe descobrir ou redescobrir a riqueza das colecções do Centro Pompidou, bem como a diversidade das facetas da arte que se faz hoje.”

Erguido a partir da convicção de que as sociedades são tão mais ágeis, autocríticas e inovadoras quanto saibam abraçar a arte do seu tempo, o Centre national d’art et de culture Georges-Pompidou – comummente apelidado de Centre Georges-Pompidou, Centre Pompidou ou, mais carinhosamente, de Beaubourg (área do 4º bairro de Paris onde se situa o complexo projectado pelos arquitectos Richard Rogers, Gianfranco Franchini e Renzo Piano) – foi um dos primeiros de uma nova geração de equipamentos culturais da cidade consagrado à criação moderna e contemporânea. O cruzamento de disciplinas foi um dos propósitos de partida de um dos seus ideólogos, o Presidente francês Georges Jean Raymond Pompidou: “Um centro cultural que seja, ao mesmo tempo, um museu e um centro de criação, onde as artes plásticas convivam de perto com a música, o cinema e os livros”.

Quarenta anos volvidos, de edifício mal-amado e, no início, comparado a um supermercado, o Centro Pompidou passou a fazer parte da iconografia da capital francesa e tornou-se protagonista de primeira linha da cena cultural nacional e internacional. O complexo reúne mais de 120 mil obras, uma biblioteca pública, salas de cinema e um instituto de investigação musical, espaços de actividades educativas, uma recriação do atelier do escultor romeno Constantin Brancusi… Nos últimos anos tem acolhido uma média 25 exposições temporárias e, desde que abriu ao público em 1977, já “recebeu, surpreendeu, seduziu, questionou e emocionou” mais de 102 milhões de visitantes.

Seja qual for o ângulo, os números que hoje envolvem o Pompidou têm sempre uma escala gigante. Alguns exemplos: a biblioteca já recebeu mais 110 milhões de leitores; desde que abriu ao público, foram inauguradas 325 exposições temporárias; as duas exposições mais visitadas de sempre abordaram a obra do catalão Salvador Dalí (840 mil visitantes, em 1989/90, 790 mil, em 2012/13); o orçamento de 2016 foi de 135 milhões de euros (58% de subvenção do Estado, 42% de receitas próprias).

Depois de um ano de festa, entre 2018 e 2020 o Pompidou sofrerá obras de renovação e remodelação orçadas em 100 milhões de euros. Os famosos tubos de escadas do exterior serão substituídos, mas, segundo o site artnet, o aspecto de interior voltado para o exterior será mantido. Durante as obras, o Centro vai manter-se aberto ao público. “Vai ser tipo um jogo de construção, mas o nosso objectivo é mantermo-nos abertos”, garantiu Lasvignes.

A marcar o arranque oficial da festa dos 40 anos, para este fim-de-semana está agendada uma programação vasta e diversificada que tentará contaminar as ruas de Paris com a celebração da arte.

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