Novo IMI travou crescimento na venda de casas em 2016
Transacções cresceram entre 20% a 25%, abaixo das estimativas do sector.
O número de imóveis de habitação transaccionados em 2016 cresceu entre 20 a 25%, em 2016, mas abaixo das estimativas do sector, que apontavam para um aumento entre 30% a 35%, revelou esta terça-feira o gabinete de Estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).
A responsabilidade pelo não cumprimento das estimativas é atribuída ao novo imposto sobre o imobiliário residencial, o Adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis (AIMI), criado no Orçamento do Estado para 2017. O novo imposto, que gerou forte polémica, foi sofrendo diversas alterações o que, segundo a APEMIP, criou “retracção e desconfiança junto dos investidores”.
Os números oficiais de transacções de alojamento familiares ainda não estão disponíveis, mas as estimativas da APEMIP apontam para um aumento entre os 20 e 25% nas transacções de alojamentos familiares e entre 16 a 20% em todas as transacções imobiliárias (urbanos, rústicos e mistos).
Em dois anos (2015 e 2016), “o mercado imobiliário assistiu a um crescimento na ordem dos 50%”, refere a associação.
Apesar de positivos, Luís Lima, presidente da APEMIP, admite que os números ficam aquém das expectativas: “A minha estimativa de crescimento para 2016 rondava os 30% a 35%, o que não aconteceu, devido a algumas situações que provocaram retracção e desconfiança junto dos investidores”.
Para além do novo imposto, o líder associativo destaca outro factor negativo para o sector, que decorre “dos atrasos na concessão de vistos de residência, ao abrigo do programa de Autorização de Residência para Actividades de Investimento – ARI--, os chamados vistos gold, que estão a espantar os investidores, nomeadamente os chineses, que desconfiam da transparência e segurança deste mecanismo”.
Se não fossem estes dois casos, Luís Lima admite que o crescimento até teria superado as suas expectativas iniciais.
Para o presidente da APEMIP, 2017 reúne todas as condições para ser melhor que 2016:“A retoma do sector imobiliário está mais do que estabelecida e é um mercado com enorme potencial de valorização e de descentralização do investimento nacional e estrangeiro para outras regiões do país, continuando a haver uma aposta na reabilitação urbana para recolocação destes imóveis no mercado, através do arrendamento urbano ou do alojamento local”.
Se funcionar “sem sobressaltos”, Luís Lima estima que o mercado imobiliário possa registar “um crescimento na ordem dos 30%” no corrente ano.