Nova suspeita contra Sócrates é "falsa e absurda", dizem advogados
A defesa do antigo primeiro-ministro fala em intenção de "distrair a atenção" do Ministério Público, que "mantém ilegalmente aberto um inquérito que já ultrapassou todos os prazos de validade".
A defesa de José Sócrates considerou nesta quinta-feira "falsa, injusta e absurda" a nova suspeita, ligada ao Grupo Espírito Santo, lançada contra o ex-primeiro-ministro na Operação Marquês, após o ex-banqueiro Ricardo Salgado ter sido constituído arguido.
Em comunicado enviado à agência Lusa, os advogados alegam que esta nova suspeita "não passa de mais um insulto como todas as anteriores" – Grupo Lena, Parque Escolar, Angola, Venezuela, Argélia, Vale do Lobo –, sendo "uma falsidade que [Sócrates] seja dono, que tenha tido acesso ou sequer conhecimento de qualquer conta bancária na Suíça". Os advogados Pedro Delille e João Araújo consideram também "absolutamente falso" que o então Governo de José Sócrates "tenha tomado qualquer decisão visando beneficiar" Ricardo Salgado ou o Grupo Espírito Santo (GES).
Ricardo Salgado foi constituído arguido na quarta-feira e, após interrogatório judicial, ficou impedido de se ausentar para o estrangeiro sem autorização prévia e proibido de contactar com os arguidos da Operação Marquês. O antigo presidente do BES está indiciado por factos susceptíveis de integrarem os crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
"Ao passar de suspeita em suspeita, e daí para outras suspeitas que já nada têm a ver com as anteriores, o Ministério Público confirma o que está à vista de todos: prendeu [Sócrates] sem factos e sem provas, fez imputações infundadas e insultuosas e transformou o que podia e devia ter sido uma investigação objectiva e sem preconceitos numa perseguição a um alvo, cuja motivação só pode ser encontrada no ódio pessoal e em razões políticas", criticam os advogados.
Para a defesa de Sócrates, a iniciativa de arranjar uma nova suspeita é "manifestamente destinada a distrair a atenção do facto mais evidente deste processo: o Ministério Público mantém ilegalmente aberto um inquérito que já ultrapassou todos os prazos de validade", tudo isto, "na esperança de um milagre que lhe traga, finalmente, os factos e as provas que nunca teve".
Segundo a PGR, a Operação Marquês conta com 20 arguidos, 15 pessoas singulares e cinco colectivas, incluindo Sócrates, o ex-ministro socialista Armando Vara e o empresário Carlos Santos Silva, entre outros. Dois anos após o início da investigação, que a 20 de Novembro de 2014 fez as primeiras detenções, a investigação do Ministério Público deverá estar concluída a 17 de Março.