Renzi classifica referendo italiano como um “erro colossal”

Ex-primeiro-ministro de Itália quebra o silêncio após a derrota no referendo constitucional de Dezembro de 2016.

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Matteo Renzi diz que se sentiu "tentado" a deixar a política, mas agora está focado na reorganização do seu partido Reuters/Alessandro Bianchi

O ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi já não pensa em virar as costas à política activa, embora a derrota no referendo constitucional de 4 de Dezembro de 2016 ainda continue a fazer mossa. Renzi demitiu-se depois de ver chumbada a sua proposta de reforma constitucional num referendo cuja realização, agora, classifica como um “erro colossal”.

Numa entrevista dada ao jornalista italiano Ezio Mauro, ex-director do diário italiano La Reppublica, e publicada no diário espanhol El País, Renzi diz que um dos seus maiores erros políticos enquanto líder do Governo foi “não ter dado conta do valor político do referendo”. “Enganei-me ao pensar que estaríamos a votar [a organização] das províncias, as regiões, o Conselho Nacional de Economia e Trabalho. Foi um erro colossal. No ambiente existente, a palavra reforma soou vazia, mecânica e artificial”, afirma Renzi, olhando para o que aconteceu no referendo, em que o “Não” ganhou com 59% dos votos.

Admitindo que “nos primeiros dias” após o referendo se sentiu “tentado” a deixar a política, Renzi deixa o seu futuro político em aberto, afirmando-se concentrado em reorganizar o seu partido, o Partido Democrático. “Disse a mim próprio que só os covardes fogem nos momentos difíceis. Voltei a pensar nos milhares de cartas que recebi, no desejo expresso por milhões de pessoas” no referendo, prossegue Renzi, acrescentando: “A nossa batalha apenas começou agora.”

“Lamento não ter conseguido fazer com que as pessoas entendessem a importância que esta reforma tinha para Itália. Perdemos uma ocasião que não voltaremos a ter em décadas”, insiste Renzi, classificando, porém, como “extraordinários” os mil dias do seu Governo. O ex-governante assiste à ascensão do populismo em Itália, fenómeno que o preocupa, mas Renzi não tem pressa em ir a eleições de novo. “Não tenho pressa. Tomemos as decisões que sejam boas para Itália, sem pressa (…). Faremos o que for melhor para o país.”

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