Há uma mancha de espuma branca com mais de cinco quilómetros ao largo das ilhas-barreira
Material e origem da mancha são ainda desconhecidos, mas autoridades descartam a possibilidade de ser um produto tóxico.
Uma mancha de espuma branca “com mais de cinco quilómetros”, perto de três milhas náuticas, surgiu esta quarta-feira ao lago das ilhas algarvias da Culatra, Armona, Farol e Deserta e está a preocupar as autoridades. A mancha “cresceu” esta quinta-feira mas, segundo a Capitania de Olhão, ainda não entrou na Ria Formosa.
Ainda não é conhecido o material que forma a mancha, o que levou Rui Pedro Ferreira, capitão do porto de Olhão, a aconselhar às pessoas que não toquem no material. “Em princípio, não é nocivo para a saúde pública, mas ainda não é possível saber em concreto qual o material”, adiantou ao PÚBLICO.
As primeiras análises da Agência Portuguesa do Ambiente, para onde foram enviadas amostras, permitiram excluir a possibilidade de ser algum tipo de hidrocarboneto. Os hidrocarbonetos constituem a maioria dos combustíveis minerais, como o carvão, petróleo e gás natural, assim como nos seus derivados, como os plásticos.
A observação da fauna no local permitiu à capitania concluir que o produto “não é tóxico”, uma vez que não foram encontrados animais mortos.
“Suspeitamos que seja parafina ou algum óleo orgânico vegetal. Brevemente teremos a confirmação”, acrescentou Rui Pedro Ferreira. As amostras estão a ser analisadas pela Agência Portuguesa do Ambiente, em Lisboa.
Há um inquérito aberto à origem da mancha de espuma. As autoridades suspeitam que tenha surgido de uma “lavagem ou derrame inadvertido de uma embarcação comercial que passou ao largo”, segundo o capitão do porto.
Foi accionado o programa Mar Limpo que prevê a limpeza “imediata” articulada com as capitanias e as autarquias de Faro e Olhão, a Autoridade Marítima Nacional e as “empresas de limpeza necessárias para que seja removido o mais rapidamente possível o material”, referiu Rui Pedro Ferreira.
A capitania prevê que esta sexta-feira já haja equipas de limpeza no terreno. A logística pode atrasar o processo, admite o capitão do porto, dada a dificuldade em colocar os instrumentos mecânicos de limpeza nas ilhas em questão.
O Parque Natural da Ria Formosa também está a analisar o caso. A presidente, Valentina Calixto, adiantou que “não há evidências de que esta mancha seja composta por produtos que tenham algum efeito ao nível das espécies da ria.”