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“Estaline é para mim aquilo que Jesus Cristo é para muitas pessoas religiosas”

"Todas as manhãs venho a este quarto dar os bons dias a Estaline" (Nazi Stefanishvili, 73 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
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"Todas as manhãs venho a este quarto dar os bons dias a Estaline" (Nazi Stefanishvili, 73 anos) David Mdzinarishvili/Reuters

“Infelizmente, Estaline não é muito popular hoje em dia”, lamenta Vasili Sidamonidze. Aos 70 anos, este construtor reformado é uma das poucas pessoas  que continuam a manter viva a memória do ditador que liderou a União Soviética durante anos. Em Gori, na Geórgia, terra natal de Estaline, há quem elogie o papel do líder soviético na industrialização do então estado socialista e na defesa da Europa contra o nazismo alemão durante a II Guerra Mundial.

Ao longo dos anos os memoriais dedicados a Estaline foram sendo desmantelados pelo país mas é ainda a remoção da estátua em bronze da praça central desta cidade, há seis anos, que continua a indignar os mais fiéis dos admiradores. “Tentamos celebrar sempre o aniversário de Estaline aqui em Gori”, explica Vasili. “Infelizmente poucas pessoas se juntam, nem mesmo as que vivem perto. Ficam a olhar-nos pela janela.”

No dia 21 de Dezembro, algumas dezenas de pessoas costumam assinalar o aniversário de Estaline no exterior de um museu em Gori que lhe é dedicado. Depois de alguns discursos, caminham até à praça onde, até 2010, a estátua de seis metros de altura se impunha.

Nazi Stefanishvili, uma economista reformada de 73 anos, também cumpre essa tradição. Faz inclusivamente mais do que isso. Em casa da sua filha conserva um pequeno museu composto por memorabilia estalinista. Pinturas, livros, bustos, jornais antigos e fotografias ocupam um quarto onde entra todos os dias para “dizer bom dia a Estaline”.

Na sua maioria estes admiradores são militantes de partidos comunistas, actualmente pouco populares na Geórgia numa altura em que o país tenta escapar à esfera de influência de Moscovo e aproximar-se da União Europeia. “Não consigo dizer quantas pessoas nos apoiam mas temos sedes regionais um pouco por todo o país”, diz Jiuli Sikmashvili, líder do Partido Comunista Unido. “Infelizmente a juventude não quer juntar-se ao nosso partido por isso os nossos membros são sobretudo pessoas mais velhas.”

A mesma situação acaba por se reflectir nos admiradores de Estaline. Shalva Didebashvili tem 78 anos e uma devoção desmedida pelo antigo líder soviético e acaba por resumir numa só frase aquilo que muitos destes georgianos devem sentir: “Estaline é para mim aquilo que Jesus Cristo é para muitas pessoas religiosas”. Frederico Batista

"Viajei muito pela União Soviética e nunca perdi a oportunidade de comprar memorabilia de Estaline" (Otar Chigladze, 82 anos)
"Viajei muito pela União Soviética e nunca perdi a oportunidade de comprar memorabilia de Estaline" (Otar Chigladze, 82 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
"Sou um admirador de Estaline desde a escola. Ele preocupava-se com o seu povo e é muito popular junto dos mais velhos porque a vida era melhor com ele no poder" (Guram Kardanakhishvili, 86 anos)
"Sou um admirador de Estaline desde a escola. Ele preocupava-se com o seu povo e é muito popular junto dos mais velhos porque a vida era melhor com ele no poder" (Guram Kardanakhishvili, 86 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
"Tenho retratos de Estaline, livros sobre ele, recordações. A minha família e amigos sabem do meu amor por Estaline e oferecem-me coisas" (Tsitsino Tsintsadze, 77 anos)
"Tenho retratos de Estaline, livros sobre ele, recordações. A minha família e amigos sabem do meu amor por Estaline e oferecem-me coisas" (Tsitsino Tsintsadze, 77 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
"Não sei quantas pessoas nos apoiam mas temos sedes regionais do partido um pouco por toda a Geórgia" (Jiuli Sikmashvili, 77 anos, ao centro)
"Não sei quantas pessoas nos apoiam mas temos sedes regionais do partido um pouco por toda a Geórgia" (Jiuli Sikmashvili, 77 anos, ao centro) David Mdzinarishvili/Reuters
“Estaline é para mim aquilo que Jesus Cristo é para muitas pessoas religiosas” (Shalva Didebashvili, 78 anos)
“Estaline é para mim aquilo que Jesus Cristo é para muitas pessoas religiosas” (Shalva Didebashvili, 78 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
"Sou admirador dele desde criança. Vou a Gori, cidade natal dele, todos os anos no seu aniversário (Suliko Berdzenishvili, 82 anos)
"Sou admirador dele desde criança. Vou a Gori, cidade natal dele, todos os anos no seu aniversário (Suliko Berdzenishvili, 82 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
"Houve uma altura em que duvidei de Estaline. Foi depois do  Congresso do Partido em que Nikita Kruschev denunciou o culto da personalidade e a ditadura de Estaline. Mas depois percebi que ele estava errado" (Levan Gongadze, 87 anos)
"Houve uma altura em que duvidei de Estaline. Foi depois do Congresso do Partido em que Nikita Kruschev denunciou o culto da personalidade e a ditadura de Estaline. Mas depois percebi que ele estava errado" (Levan Gongadze, 87 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
"Hoje em dia há dois tipos de pessoas: aquelas que amam Estaline e as que odeiam. Acho que ele deve ser recordado com carinho e temos de ensinar isto aos nossos jovens" (Olga Danelia, 62 anos)
"Hoje em dia há dois tipos de pessoas: aquelas que amam Estaline e as que odeiam. Acho que ele deve ser recordado com carinho e temos de ensinar isto aos nossos jovens" (Olga Danelia, 62 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
"Estaline salvou o mundo do fascismo. Sob a sua liderança não havia desemprego, tínhamos educação e saúde gratuitas. Era um grande homem" (Ushangi Davitashvili, 86 anos)
"Estaline salvou o mundo do fascismo. Sob a sua liderança não havia desemprego, tínhamos educação e saúde gratuitas. Era um grande homem" (Ushangi Davitashvili, 86 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
"O meu pai era dirigente do partido numa região da Geórgia e ensinou-me a amar Estaline desde criança" (Natia Babunashvili, 40 anos)
"O meu pai era dirigente do partido numa região da Geórgia e ensinou-me a amar Estaline desde criança" (Natia Babunashvili, 40 anos) David Mdzinarishvili/Reuters
"Infelizmente Estaline não é popular hoje em dia. O nosso povo não o respeita. Só nós, membros do partido Comunista" (Vasili Sidamonidze, 70 anos)
"Infelizmente Estaline não é popular hoje em dia. O nosso povo não o respeita. Só nós, membros do partido Comunista" (Vasili Sidamonidze, 70 anos) David Mdzinarishvili/Reuters