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Cais de Bagaúste: um “díptico imperfeito” na margem do Douro
Está suspenso no rio, como se de um barco que bóia se tratasse. Na margem esquerda, com as águas calmas e as montanhas como companhia, o Cais de Bagaúste, em Lamego, desenha-se em duas casas, uma dedicada ao remo e à canoagem, a outra vestida de armazém de canoas e local de cafetaria. Onde agora se vê o edifício do arquitecto transmontano Belém Lima existia antes o rio. A construção, terminada em 2013, "roubou" água para ganhar terreno: "A estrutura metálica dos edifícios foi recoberta por camadas sucessivas de painéis para isolamentos, impermeabilizações e finalmente compósitos de alumínio". Não há "pregos ou parafusos que possam ceder à corrosão" e "a chuva desaparece por juntas de mínima abertura", lê-se na descrição da obra do arquitecto cujos trabalhos se situam sobretudo no Douro. Naquele espaço, "inventou-se o Cais de Bagaúste como um díptico imperfeito, onde as casas desalinhadas são o início e o fim". Minimalista e modernista, a construção assemelha-se a uma capela — ou a uma cabana futurista de formas geométricas perfeitas. Um vislumbre junto ao rio. M.C.P.