Vera Marmelo, dez anos a ver a música que aqui nasce
A fotógrafa barreirense, que tem registado com olhar próximo e marca distintiva parte considerável da música portuguesa recente (e não só), celebrou dez anos de carreira com o lançamento de um site onde preserva toda a sua obra
Nos últimos dez anos tem sido uma presença constante, onde quer que haja música em palco, nos palcos onde se vai fazendo a história da música portuguesa recente (e não só). Começou a fotografar porque a música era componente indispensável da sua vida, mas, como costuma dizer, não tocava guitarra. Tornou-se então aquela que vê para nos ajudar a ver melhor. E, uma década depois de começar a registar consistentemente, com um olhar próximo, pessoal, estimulado pela empatia com o objecto fotografado, reuniu tudo num novo site, http://veramarmelo.pt/, onde a história é contada da única forma que lhe é possível, através de imagens.
Vera Marmelo, barreirense de 32 anos, amadora profissional, registou a actividade da Merzbau, fundada pelo pianista Tiago Sousa, e onde encontrávamos Benjamim, B Fachada ou Noiserv. Acompanhou a Flor Caveira de Samuel Úria, Tiago Guillul ou Pontos Negros. Chegou aos Linda Martini, mostrou-nos o que fervilhava ano após anos no Barreiro Rocks ou no OutFest, mais recentemente no barcelense Milhões de Festa ou no micaelense Tremor, e o que ia acontecendo semanalmente nas lisboetas Galeria Zé dos Bois ou Casa Independente. A rede alargou-se e, num momento tinha os Orelha Negra perante si, noutro Bonnie Prince Billy, Thurston Moore, Angel Olsen, Konono #1. A rede renovou-se geracionalmente e hoje também os colectivos Cafetra, Maternidade ou Spring Toast vão sendo registados.
“Essa miúda”, escreve Tiago Sousa na apresentação do novo site, “torna-se autora de um dos mais importantes arquivos de histórias do que outros miúdos, com guitarras e não só, estavam a fazer”. O pianista chama-lhe “coleccionadora de memórias, arquivista de sonhos”. As palavras assentam bem a Vera Marmelo.