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Viagem ao Douro de Belém Lima pela lente de Fernando Guerra
Foi no final dos anos 90 e início do novo milénio que Belém Lima inaugurou algumas das obras que lhe serviram como uma espécie de passaporte de aprovação da opinião pública: a Biblioteca Municipal de Vila Real, o Museu da Vila Velha e o Conservatório Regional de Música de Vila Real. A partir daí — e depois de cerca de uma década de trabalho — o arquitecto transmontano transformou-se numa referência por territórios durienses. Apesar dos orçamentos limitados (que ainda hoje continuam e sofreram particularmente com a crise), Belém Lima foi conseguindo "algum conforto" com o trabalho produzido no seu pequeno atelier no interior do país. Acredita numa arquitectura "que ama os territórios onde se faz" e que não esvanece perante os belíssimos cenários do Douro: "A arquitectura deve igualar-se à paisagem", disse ao P3. Como aconteceu com a Adega Alves de Sousa, nomeada para o prémio Mies van der Rohe, exemplifica. "Não se dobrou à atitude dominante no Douro, de termos de enterrar tudo, simular. Acredito que não temos de esconder a presença da adega." O trabalho de Belém Lima tem sido acompanhado de perto pelo fotógrafo Fernando Guerra, o "guardião de memórias de Siza Vieira" que documenta também o trabalho de alguns dos mais prestigiados arquitectos portugueses e internacionais. O périplo pelas obras de Belém Lima é longo: edifícios habitacionais, a câmara municipal de Boticas, o Solar da Porta dos Figos, um Centro Comunitário instalado num bairro problemático da Régua, o Museu da Vila Velha — que lhe valeu o Prémio de Arquitectura do Douro em 2008. Nesta última obra, Belém Lima fez o "elogio da paisagem": "Paramos no hall do museu e podemos estar quietos a ouvir vagamente o barulho dos rios, da chuva, das árvores a mexer. Ao mesmo tempo, somos recebidos no exterior num coberto onde estamos em contacto com o frio e o calor", explicou. "A arquitectura fica na nossa memória porque nos situa no tempo e cria uma relação entre a nossa experiência e o espaço."