Oficiais turcos na NATO pedem asilo na Europa
Berlim já se mostrou disponível para acolher profissionais afastados por Erdogan.
Vários militares turcos colocados em instalações da NATO na Europa pediram asilo nos países onde se encontram, revelou esta sexta-feira o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, sem adiantar nomes nem números de pedidos.
Stoltenberg indicou que estes pedidos serão analisados pelos países onde foram apresentados. Na sequência do golpe falhado de 15 de Julho, e da imposição do estado de emergência, o regime do Presidente Recep Tayyip Erdogan afastou mais de 118 mil pessoas das actividades que exerciam, numa purga que abrangeu todos os sectores da sociedade.
O número de pedidos de asilo de cidadãos turcos mais do que duplicou este ano na Alemanha por comparação ao registado em 2015, afirmou entretanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Governo da chanceler Angela Merkel. Este aumento regista-se numa altura em que as autoridades de Ancara continuam a purga generalizada lançada na sequência do golpe falhado.
A Alemanha é o país com a maior comunidade de imigrantes turcos. O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Franz-Walter Steinmeier, anunciou recentemente que Berlim está disponível para acolher jornalistas, cientistas, académicos e artistas que “não podem trabalhar na Turquia”. Os media tem sido um dos alvos preferenciais dos despedimentos, detenções e encerramentos de empresas privadas no país.
Entre Janeiro e Outubro de 2016, 4437 turcos pediram asilo à Alemanha, indicou à AFP uma responsável dos serviços de imigração. A mesma fonte referiu que o número de pedidos em 2015 foi de 1767 contra 1806 em 2014. Os dados disponíveis dão conta de um aumento significativo de pedidos nos últimos meses, passando de 275 em Julho para 458 em Outubro.
A porta-voz dos serviços de imigração considera, contudo, que não se pode concluir que este incremento tenha a ver com a situação na Turquia, já que muitas pessoas que apresentaram o pedido de asilo nos últimos tempos poderiam já estar na Alemanha antes do golpe falhado.
Na noite de 15 de Julho, em Ancara e Istambul, morreram mais de 230 pessoas (na maioria civis) que saíram à rua em resposta ao apelo do Presidente, que este fez através de FaceTime em directo na CNN turca, antes de o canal independente ser tomado pelos golpistas.
Erdogan responsabiliza o imã Fetullah Gülen e o seu movimento, Hizmet (Serviço), pela tentativa de o derrubar. Gülen, um ex-aliado do todo-poderoso líder turco, vive na Pensilvânia, nos Estados Unidos, desde 1999 e desmente qualquer envolvimento, acusando o regime de ter forjado o golpe.