Erdogan quer prolongar estado de emergência na Turquia pelo menos por três meses
Presidente sugere que situação de emergência poderá ser estendida por mais de um ano, após golpe falhado de Julho.
Prolongar o estado de emergência declarado por três meses em Julho, depois do golpe de Estado falhado, será bom para a Turquia, afirmou o Presidente Recep Erdogan, depois do parecer positivo do Conselho de Segurança Nacional à extensão da medida. Na verdade, Erdogan gostaria de prolongá-lo durante muito mais tempo, confessou.
“Seria benéfico para a Turquia prolongar o estado de emergência por mais três meses. Dizem que não seria bom declará-lo por um ano. Vamos esperar para ver, talvez nem 12 meses sejam suficientes”, afirmou nesta quinta-feira.
O prolongamento do estado de emergência, decretado a 21 de Julho, terá agora de ser aprovado pelo Parlamento – onde o partido do Governo e do Presidente têm a maioria absoluta.
Grupos de defesa dos direitos humanos, alguns governos ocidentais e os principais partidos da oposição têm criticado a grande dimensão da repressão após o golpe militar falhado de 15 de Julho, que o Governo diz ter sido organizado por elementos ligados ao líder de um movimento religioso e cívico com ambições políticas, que já foi aliado de Erdogan mas que se tornou no seu principal rival: Fethullah Gulen, auto-exilado há anos nos Estados Unidos.
Cerca de 32 mil pessoas foram detidas no âmbito da investigação sobre o golpe, anunciou o ministro da Justiça Bekir Bozdag, numa entrevista à televisão NTV. Sugeriu ainda que podem ser construídos rapidamente novos tribunais para julgar estas pessoas, diz o jornal turco Hürriyet. Além destas pessoas que estão detidas, foram iniciados inquéritos judiciais contra um total de 70 mil pessoas.
A situação económica turca, que já era difícil antes do golpe, tem sido bastante afectada pela instabilidade no país, a que se juntam os múltiplos atentados: o número de turistas estrangeiros baixou cerca de 38% em Agosto, em relação aos valores do ano passado. O turismo representa 4% do PIB turco.