Erdogan acusa Alemanha de "apoiar o terrorismo"

Chanceler alemã criticou a perseguição à imprensa turca. Presidente turco responde com ameaças.

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Erdogan diz que a Alemanha ficará na história "por ter apoiado o terrorismo" Reuters/CHRISTIAN CHARISIUS

A chanceler alemã Angela Merkel mostrou-se preocupada com a situação vivida actualmente na Turquia considerando “extremamente alarmante que as liberdades de imprensa e de expressão sejam reprimidas repetidamente”. Erdogan respondeu esta quinta-feira, citado pelo diário turco Hurriyet, acusando Berlim de fornecer asilo a membros de organizações ilegais na Turquia, e considerando que a Alemanha está a “apoiar o terrorismo”.

Merkel, por seu lado, garantiu que a Alemanha vai “estar muito atenta” às investigações que envolvem jornalistas turcos. A chanceler admitiu ainda que o processo de adesão da Turquia à União Europeia pode ficar em risco: “Claro que um assunto destes tem um papel central nas questões relativas às negociações de adesão à União Europeia”.

As declarações da chanceler surgem dias depois de a organização Repórteres Sem Fronteiras ter considerado o Presidente da Turquia, Recep Erdogan, como um “predador da liberdade de imprensa”, e numa altura em que as autoridades turcas se encontram numa perseguição à imprensa. Registaram-se já dezenas de encerramentos de órgãos de comunicação social e a detenção de jornalistas, entre os quais Murat Sabuncu, director do jornal diário da oposição Cumhuriyet.

Erdogan, na resposta, insistiu na ideia de que a Alemanha apoia o terrorismo, durante um discurso em Ancara. Afirmou que o Governo turco não espera nada de Berlim, defendendo que a Alemanha ficará na história "por ter apoiado o terrorismo”.

No rol de críticas dirigidas a Merkel, o Presidente da Turquia especificou que a Alemanha alberga “terroristas” de organizações como o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) ou do DHKP (Partido Revolucionário de Libertação Popular).

“Alemanha, saiba que essa praga do terrorismo vai voltar como um boomerang”, afirmou Erdogan.

Depois do golpe de Estado falhado de 15 de Julho, o Presidente dirigiu a atenção para Fethullah Gülen, o imã exilado nos EUA e que é acusado de ter planeado o golpe. Sobre isso, Erdogan previu também que a Alemanha “vai tornar-se no quintal da FETO [Organização Terrorista Fethullista]”, referindo-se à organização liderada pelo clérigo.

Na passada terça-feira, o ministro da Justiça alemão, Heiko Maas, afirmou que não fazia parte das suas competências julgar se o movimento liderado por Gülen tinha essência política ou não, garantindo que Berlim não iria avançar para a extradição de suspeitos políticos. Ou seja, a Alemanha só aceitaria os pedidos de extradição se Ancara comprovasse a existência de “actividade criminal clássica”, cita a Reuters.

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