Começou a batalha pela reconquista de Mossul
Al-Abadi anunciou ofensiva militar na televisão para resgatar a maior cidade controlada pelo Daesh no Iraque. "Chegou a hora", disse.
A operação militar para resgatar a cidade iraquiana de Mossul, sob domínio do Daesh, já começou, anunciou neste domingo o primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi.
Poucos minutos faltavam para as 0h desta segunda-feira quando o enviado especial do Presidente Barack Obama na luta contra o Daesh (o autoproclamado Estado Islâmico, ou Estado Islâmico do Iraque e de al-Shams, ISIS em inglês), publicou no Twitter uma mensagem que não deixa dúvidas sobre o carácter crucial desta batalha: “Estamos orgulhosamente ao vosso lado nesta operação histórica”, declarou Brett McGurk, desejando sorte às “heróicas forcas iraquianas, aos peshmerga curdos” e todos os “voluntários” envolvidos na operação militar anunciada pelo líder do governo de Bagdad.
Godspeed to the heroic Iraqi forces, Kurdish #Peshmerga, and #Ninewa volunteers. We are proud to stand with you in this historic operation.
— Brett McGurk (@brett_mcgurk) 16 de outubro de 2016
Para este alto-responsável norte-americano, a ordem de combate de al-Abadi tem como objectivo pôr fim a “dois anos de escuridão” que Mossul viveu desde que foi tomada pelo Daesh, em 2014. Considerada a capital do Norte iraquiano, é a segunda maior cidade do país, tinha uma importante produção de petróleo, é um centro universitário e comercial. Tem pelo menos cinco vezes a dimensão de qualquer outra cidade que o Daesh já controlou.
Tonight, PM Abadi issued orders to initiate major operations to liberate #Mosul after two years of darkness under #ISIL terrorists. #??????
— Brett McGurk (@brett_mcgurk) 16 de outubro de 2016
O arranque desta operação foi anunciada no domingo à noite, através de uma mensagem na televisão iraquiana, relata a BBC. “Hoje declaro o início desta operação vitoriosa para libertar-vos da violência e do terrorismo do Daesh”, disse al-Abadi, segundo aquele canal britânico de televisão. Prometeu ainda que apenas as forças governamentais entrariam em Mossul, cidade de maioria sunita e cuja eventual conquista é encarada como a “derrota efectiva” do autoproclamado Estado Islâmico naquele país. “Chegou a hora e o momento da vitória está cada vez mais próximo”, sublinhou o líder do governo iraquiano.
Sabia-se que esta operação para reconquistar a maior cidade controlada pelo Daesh no Iraque estaria iminente. A proximidade de Mossul ao Curdistão iraquiano torna-a especialmente importante para a segurança dos curdos.
Antes de ser tomada pelo Daesh, Mossul tinha dois milhões de habitantes. Dois anos depois, ninguém sabe ao certo quantos habitantes ainda tem, mas segundo os cálculos da ONU , esta ofensiva pode desencadear uma crise humanitária de grandes proporções, estimando as Nações Unidas que os combates podem obrigar um milhão de pessoas a fugir.
Leia também: O que é o Estado Islâmico?
Nos últimos dias, a cidade já estava cercada por cerca de 30 mil homens. As forças iraquianas assumiram a sua posição final na sexta-feira, descreve o diário britânico The Guardian. No terreno estão também forças internacionais – militares dos EUA, britânicos e franceses – cujo aconselhamento estratégico e, sobretudo, poderio militar aéreo poderiam ser determinantes para a batalha. O mesmo jornal adianta estimativas sobre as forças que o Daesh terá dentro da cidade – 6000, no meio de uma população que rondará as 600 mil pessoas.
Ben Wedeman, correspondente da CNN, disse esta noite, naquele canal norte-americano, que o primeiro-ministro do Iraque prometeu que a força no terreno, composta sobretudo pelas forças iraquianas e peshmergas (combatentes curdos) "tentariam a todo o custo evitar baixas civis" na cidade, apelando depois à "cooperação" da população, quando a ofensiva chegar à cidade. Uma mensagem que, de resto, já havia sido transmitida à cidade, via rádio, umas semanas antes do início da ofensiva.
Para o correspondente do canal Sky News, por seu lado, esta batalha pelo controlo de Mossul é "um desafio enorme", até porque o "apetite curdo pelo reforço em controlar territórios árabes é também uma preocupação para Bagdad".
"A ofensiva tem sido preparada há meses", frisa Stuart Ramsay, com "pequenos avanços" sobre territórios e cidades rumo àquela cidade do Norte. O anúncio desta noite significa, por outro lado que "uma força multi-étnica e multifacetada está unida num único objectivo" – remover os jihadistas do Daesh.